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VENCEDORES DO I CONCURSO EROTISMO EM RIJAS ASAS
VENCEDORES DO I CONCURSO EROTISMO EM RIJAS ASAS


TEXTOS VENCEDORES DO I CONCURSO EROTISMO EM RIJAS ASAS

 

MEDALHA DE OURO - POESIA

 

 

Cama, mesa e poesia (Márcia Barroca)

 

 

 

Misturar massas

é misturar corpos

Primeiro vem a farinha

Alquimia

de olhar que cruza

chamando para dançar

 

Adiciona-se manteiga e açúcar

Docemente batendo

como mãos que se encontram

nas preliminares rítmicas

 

O fermento no ponto certo

Cuidado com o clima

com a rima

com o movimento

 

A liga final

fica por conta dos ovos

Luminosos

e quase voláteis

quando ainda quietos

 

A massa se apura

quando o morno leite

se mistura

como a rasgar o ventre

jorrando magma corpóreo

Lava que fertiliza e reanima

Alimenta!

 

Depois de pronto

a calda quente

é beijos que tingem

o tecido da pele

Doce sabor que amarra

explode e desamarra

Liberta

 

 

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MEDALHA DE PRATA - POESIA

 

 

Início e meio (Henrique Bonamigo)

 

 

 

No nascedouro da paixão e do delírio

Senti nos lábios um dulcíssimo sabor

E vislumbrei ante a porta da alcova perfumada

Teu corpo envolto por todas minhas mãos

 

No teu olhar, a anuência

A sutileza dos frêmitos na boca langorosa

Anelos na voz sumida, quase rouca,

Rituais cumpridos, assim, na ante-sala...

 

Arrebatado pela força abissal do instinto

E pela febre ardente do desejo

Fui inclinando a fronte lentamente

Sobre o arfante volume dos teus seios... 

 

 

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MEDALHA DE BRONZE - POESIA

 

 

Um Lago                                                     O Climax      (Messody Ramiro Benoliel)                                    

 

 

 

Sou lago manso à  espera                           Sou cobra querendo se enroscar.

de um mar incontido                                   Buscando-te num  lençol de cetim,

a desaguar em mim                                     não rosa, vermelho, sim.

toda a água do mundo.                               Dedos em garras percorrem teu corpo

                                                                  macio demais, em mãos tão ásperas.

Sou lago doce:

sempre virando mel.                                   Tentamos o climax

                                                                  e um passeio  maior nos espera.

Sou lago estreito:                                        Tu em mim, eu em ti.

um de cada vez.                                          E o  passeio, se eterniza.

 

Sou lago insaciável:                                     Corpos suados satisfeitos

sempre querendo mais!                               e um silêncio gritante em nós,

                                                                  traz consigo a plenitude do prazer !

 

 

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MEDALHA DE OURO - PROSA

 

 

Adeli, à flor da pele!   (Teresa C. C. M. Azevedo)

 

 

 

Desde que fiquei viúvo, tive uma depressão terrível, uma tristeza! A indolência e inapetência sexual me tomaram. Em mim só havia a saudade de minha esposa, de modo que desde então não estive mais com nenhuma mulher.

Naquele dia, entretanto, acordei muito excitado, passei o dia todo pensando nela. Antes de ir para o consultório, demorei-me no banho, pois precisava acalmar-me. Por conta disto atrasei minha ida para o consultório.

Assim que entrei, a vi: ela estava na sala de espera, de costas, nas pontas dos pés, levemente inclinada para frente e tentava apanhar uma caixa em cima do armário. Usava um vestido de seda delicadamente florido, em um intercalar de dégradés verdes e azuis que se encontravam como que em um acasalamento. Ele tinha um forro muito fino, de modo que pude ver perfeitamente seu belo corpo. Suas pernas grossas e bronzeadas podiam ser contempladas deliciosamente. Sua pele era aveludada da cor jambo, provavelmente ela se embatumava com cremes, para ter aquela textura lisa e instigante. Uma das alças do vestido caíra e se podiam ver seus belos ombros, ainda que recobertos por seus longos e cacheados cabelos loiros com mechas acobreadas.

Prontamente, percebendo sua dificuldade, apressei-me a ajudá-la. Aproximei-me o mais que pude até que nossas pernas se tocaram um pouco e meu corpo todo ferveu. Passando o braço direito por cima de seu ombro, apanhei a caixa que ela necessitava, porém não me afastei antes de me virar fitando seus olhos com louco desejo: seus lindos olhos e o narizinho levemente empinado, lábios carnudos e bem torneados, magnificamente desenhados em seu rosto angelical. Rubra, ela passa a língua nos lábios e os aperta sem saber o que fazer. Aquele gesto para mim soa como provocação de modo que não resisto em passar a mão em seu cabelo, quando se afastando ela diz:

          - Obrigada Jacques, eu preciso consultar um prontuário antigo aqui.

- Não tem de que...

Eu insisto em prosseguir segurando-a pela mão pequena e macia e a levo até minha boca para beijar e depois mordiscar docemente.

– Eu já não posso mais conter meu desejo, Adeli. Desde a primeira vez que a vi você me enlouqueceu! Na época, ainda casado, não ousaria trair minha esposa a quem amava tanto. Após sua morte entrei em um colapso, mas agora estou livre, quase um ano se passou e eu já posso lhe pedir em namoro, aceita?

Seus olhos me olham apaixonadamente, há muito percebi o interesse dela por mim, naturalmente o disfarçava por saber que eu era casado e depois em respeito à minha dor. Mas agora ela estava solta, completamente desprovida de qualquer impedimento, então pula em meu pescoço, visto que sou muito mais alto que ela, estica-se o mais que pode e beija-me enlouquecidamente. Sua boca tem suave gosto de cravo da índia, seu perfume afrodisíaco me entorpece de modo que não me contenho e passo a beijar o pescoço esguio, descendo para o colo e depois para os volumosos e macios seios de bicos rijos de tesão. Ela corresponde a cada toque, abre minha camisa e diz:

- Sempre desejei ver seu peito musculoso e peludo. Deixe-me tocá-lo e beijá-lo.

- Ele é todo seu, aliás, eu sou todo seu, faça comigo o que quiser, Dra. Adeli. - Digo sorrindo.

- Há tanto tempo o amo, Jacques. Nem acredito que agora posso tê-lo...

- Sou seu último paciente? Pergunto com intenção de prosseguir ali mesmo.

- Sim, é e isto é maravilhoso, não é mesmo?

- É perfeito! E beijo-a mais e mais. Mordo levemente seus lábios e ela os meus. Ela corresponde a cada toque com sussurros e gemidos excitantes, respiração ofegante de prazer.

Levanto seu vestido, sua calcinha é minúscula, um lingerie azul de renda com fitilhos que se cruzam e terminam em um delicado laço, que abro até tocar seu clitóris, massageando-o.

Ela então leva a mão sobre meu membro apertando-o. O que me leva a loucura. Toco-lhe os grandes e pequenos lábios e em seguida introduzo meu dedo médio em sua vagina úmida e quente, em movimentos leves para não machucá-la, mas ela então pede:

- Mais forte, Jacques, mais forte...

Sem parar, coloco minha língua dobrada em forma de um funil entro e saio de sua boca, tocando o céu da boca. Ela então abre minhas calças, meu pênis duro fica empinado na cueca levemente umedecida com líquido seminal. Ela abaixa minha cueca tocando meu membro e meu escroto inchados. Eu continuo massageando seu clitóris com meu dedo polegar e coloco o dedo indicador junto com o dedo médio, que já estava dentro dela. Com a outra mão aperto-lhe as nádegas e sugo seus seios, beijo-os assim como ao seu pescoço e boca alucinadamente. Então a aperto contra mim, de modo que seu púbis toque meu pênis. E digo:

- Quero você todinha, Adeli. Deixa-me louco de tesão.

- Estou aqui, pegue-me. Também o quero.

- Você é muito linda e tão gostosa!

- Eu o amo há tanto tempo, Jacques. Venha!

Eu desço sua calcinha e coloco a glande em sua vagina e depois introduzo todo meu membro devagar e em seguida rápido. Viro-a de costas apoiando os braços sobre a mesa e segurando seus ombros com relativa força, coloco e retiro em movimentos rápidos e lentos, aos quais ela corresponde endoidecida. Encho uma das mãos com seus seios e faço movimentos circulares em seus bicos. Depois, com a outra mão seguro seus cabelos macios como que fazendo um rabo de cavalo nele com minha mão e você grita alucinada. Mais alguns movimentos e eu a encho com meu esperma e sinto-a escorrer também.

Antes que eu saia de dentro dela, ela faz movimentos circulares que me mantém teso e continuamos em uma nova sequência de movimentos. Ela se vira magistralmente, sem que nos separemos, em um movimento de pernas transpassado como uma encantadora ginasta. Então eu a seguro contra mim pelas nádegas, levanto e abaixo beijando-a. Não demora e ambos chegamos novamente ao clímax. Abraçamo-nos e beijamo-nos. De repente ouço sua voz a me chamar:

- Sr. Jacques! Sr. Jacques!

Acordo assustado e, quando olho, tudo não passou de um sonho erótico. O paciente ao lado me olha com os olhos arregalados.

- Vamos à consulta? - Pergunta a Dra. Adeli, ao que respondo totalmente sem graça:

- Sim vamos... Nossa, dormi, será que ronquei?

E o paciente ao lado responde com toda franqueza:

- Roncar não roncou, mas gemer, gemeu...

Entro na sala de minha médica, urologista há muitos anos e termino o dia com ela colocando dois dedos em meu ânus e eu gemendo, mas agora de dor...

 

 

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MEDALHA DE PRATA - PROSA

 

 

[des]conhecido elevador  (Ana Carolina Dumelle)

 

 

 

Eu fui visitar a inauguração da loja de roupas da minha amiga no shopping, e, como toda boa mulher, não pude deixar de comprar algumas coisas. A loja ficava no terceiro andar e eu fui até o elevador mais próximo para ir até o térreo, onde se encontrava o meu carro. Eu fui a única que entrou, exceto por um homem muito bonito e charmoso que deu um lindo sorriso e me pediu licença.

 

“Toda licença do mundo, gostosão”, pensei.

 

-Vai pro térreo? - Ele me perguntou.

 

-Vou sim. – Respondi.

 

-Pelo jeito, veio visitar a nova loja de roupas femininas. – Ele olhou para minhas sacolas.

 

-É que aloja é da minha amiga, e vim prestigiá-la, e não pude deixar de comprar algumas roupinhas.

 

Ele sorriu novamente, e de repente o elevador deu um forte balanço e as luzes apagaram.

 

Alguns segundos depois uma mulher entrou em contato conosco pelo interfone do elevador, e nos avisou que havia acabado a luz em todo o shopping por causa de um curto circuito, e pediu para que tivéssemos calma, pois não teria como nos tirar do elevador até o técnico resolver. Nós estávamos entre o primeiro andar e o térreo, e não teria como forçar a porta para abrir.

 

Acredite, eu não estava com medo, muito ao contrário, estar com aquele homem naquele elevador estava me excitando.

 

-Você está bem? – Ele perguntou.

 

-Estou sim. E você?

 

-Com certeza.

 

-Estou com um pouco de medo.

 

-Venha até aqui que eu te protejo.

 

Ele me abraçou e fiquei sentindo o cheiro e o calor daquele homem. Eu não sabia se ele era ou não solteiro, mas senti um sinal verde na voz dele.

 

Deixei minhas sacolas de lado, e como que fingindo medo, me agarrei nele. Ele segurou em minha cintura e me puxou para bem junto dele.

 

-Eu sei uma boa cura pra medo. – Ele me disse.

 

-E qual é? – Perguntei.

 

-Fazer o tempo passar.

 

-E como se faz isso?

 

-Assim...

 

Foi muito rápido. Ele segurou minha nuca e começou a me beijar. Eu o correspondi com vontade, encaixando minhas pernas entre as dele.

 

Eu estava de vestido, e senti uma das mãos dele subindo pelas minhas coxas até apertar as minhas nádegas e segurá-las com vontade. Eu estava indo no mesmo ritmo que ele e fui abrindo a calça social que ele usava.

 

Ele desceu uma das alças do meu vestido, puxou o meu sutiã e começou a beijar os meus seios.

 

Não estávamos enxergando nada, era tudo por tato. Não que isso tivesse algum problema...

 

Desapertei um pouco a gravata dele, abri a camisa social e coloquei minhas mãos por dentro, arranhando suas costas.

 

Eu estava sendo imprudente demais ao transar com um desconhecido, e pareceu-me que ele sabia isso, porque logo em seguida me disse:

 

-Não se preocupa, eu carrego algumas na carteira.

 

 

 

Entendi que era uma camisinha. Desci a calça e a cueca dele, e com muita dificuldade, por causa do escuro e da excitação, coloquei no pênis dele. Ele desceu minha calcinha, me encostou na parede do elevador, levantou uma de minhas pernas e me penetrou. Eu estava muito excitada, mas não podíamos emitir barulho para que a central do outro lado da linha não ouvisse.

 

-Quantas pessoas há no elevador, senhor?

 

-Duas.

 

-Pedimos para ter paciência.

 

-Olha, senhora – A voz dele era uma mistura de prazer e seriedade. – Pedimos para que vocês... fiquem um pouco em... silêncio, pois a moça está com... um pouco de medo e... eu sou médico e sei como... acalmá-la...

 

-Ah, senhor isso é muito bom. Poderá então nos ajudar.

 

-Sim, ajudarei, mas... peço silêncio para acalmá-la... e fazer o meu serviço....

 

-Claro, senhor, mas não sairemos da linha.

 

-Oh,obrigado...

 

A boca dele estava super perto do meu ouvido e eu o ouvia gemer baixinho. Eu estava me contendo muito para não gemer, até que ele me penetrou com muita força e eu não aguentei.

 

-Senhor, está tudo bem?

 

-Está sim, só a moça está com medo. Mas estou acalmando-a.

 

-Muito bem senhor, continue assim, já estamos providenciando um jeito de tirá-los daí.

 

-Podem demorar.

 

-O que o senhor disse?

 

-Por favor, não demorem.

 

Ele estava me delirando, e aquela situação parecia me delirar mais ainda. Eu estava perto do orgasmo e ele também estava:

 

-Você é muito boa, estou quase gozando. – Ele sussurrou no
meu ouvido.

 

-Ohhhh, eu também.

 

A boca dele nos meus seios, o sexo delicioso e a sua mão passando em meu corpo. Eu estava quase lá. Ele começou a ser mais forte, mais rápido e mais intenso. O movimento estava frenético, até que gozei, e pra conter o gemido eu acabei mordendo o braço dele. Ele apertou mais ainda meu corpo e gemeu baixinho que havia gozado.

 

Meu corpo relaxou de um jeito que eu não aguentei o meu peso e acabei sentando no chão. Ele desceu também e apoiou sua cabeça no meu ombro. Começamos a nos beijar de novo, quando a mulher nos anunciou que dentro de cinco minutos nós sairíamos dali.

 

-Não sei se isso é sorte ou azar. – Ele me disse.

 

-Por que? – Perguntei.

 

-Sorte, porque terminamos bem na hora que eles nos anunciaram isso, e azar porque poderíamos continuar.

 

Arrumamo-nos e de repente a luz acendeu e o elevador voltou a funcionar. A porta abriu e junto estavam os técnicos e ascensoristas do shopping que vieram ver se estávamos bem e se meu medo havia passado. Respondi que sim e que o médico me ajudou muito. Peguei minha sacola, agradeci pelo apoio que eles deram através do interfone do elevador e sai andando até onde estava o meu carro, que por coincidência estava estacionado do lado do dele.

 

Ele sorriu, deu uma piscadela, entrou no carro e foi embora.

 

 

 

Aquele elevador nunca mais seria o mesmo...

 

 

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MEDALHA DE BRONZE - PROSA

 

 

 

O faz tudo (Alcione Sortica)

 

 

- O Jorgetão não tem qualquer habilidade paratrabalhos com as mãos - falava Laurinha. - Não conserta nada, não troca uma lâmpada.Incapaz de fritar um ovo, passar um bife. Nunca lavou um prato, uma cueca, nem passou a ferro qualquer peça de roupa. Se precisar pregar um botão, nem sabe onde enfiar a linha. Aliás, sem habilidades manuais, para qualquer outro tipo de atividades, se me entendes... Em razão disso, vivo te incomodando, meu amigo.

 

O velho Carmelo sorriu. Ela sabia muito bem que não era incômodo nenhum. Ele, pelo contrário, tinha habilidades de sobra. Começara a trabalhar ainda criança, ajudando o pai. Aprendera um montão de coisas. Era curioso, montava e desmontava tudo. Nunca se arrependera disso. E estava ali, sempre que aquela macia vizinha precisasse dele. E já sabia, pelo começo da conversa, que ela aprontava o terreno para pedir algo. Mas gostava de dar trela à amiga, para vê-la contar fofocas, algumas íntimas, picantes. E a guria não tinha nenhum recato. Nunca, em sua época, vira nada igual. Parece que, quanto mais ciumento o marido, maior o desafio para a mulher. Mais ela encontra um jeitinho de aprontar. E ele, velho, aposentado, sem fazer nada, tinha todo o tempo do mundo para ouvi-la. Ela continuou:

 

- Desastrado ao máximo. Quando eu usava sutiã, raramente, aliás, ele sempre se atrapalhava e não conseguia desengatar os fechos. Até que desisti da peça. Veja!

 

Debaixo do caramanchão, onde se encontravam, ela projetou-se para a frente, revelando seios perfeitos, as aréolas destacando-se, os delicados mamilos rosados, que o amplo decote não conseguia esconder. Numa fração de segundo, até o umbigo pôde ser visto. A natureza caprichara no espécime. E as coisas belas estão aí para ser exibidas.

 

- Dias atrás pedi ao vivente para retirar um rolo do meu cabelo. Quase o arrancou, com mecha e tudo! Em razão disso, vivo podando cada pêlo do corpo, para evitar acidentes...

 

Ela abanou-se com o vestido, exibindo uma paisagem de dar água na boca, como para comprovar o que acabava de afirmar. Após, distraidamente, enxugou o suor do pescoço com a barra da vestimenta. Não vestia nada por baixo.

 

Riu gostosamente. O velho acompanhou. Já sabia, de antemão, que estava sendo pescado para algum trabalho demorado, intrincado, nem sempre limpo, do qual nem tinha ideia e não poderia cair fora. Mas, não tinha pressa alguma. Ela continuou:

 

- Lembro algumas ocasiões: aquela vez, por exemplo, em que arrebentou o cano do banheiro. Água pra todo o lado. E ele lá fora, saindo fumaça das ventas, batendo bola de tênis num muro para fugir da situação. E, na volta, ainda quis reclamar. É um sovina de primeira. Não abre a mão pra nada. E tenho que me virar para conseguir resolver os problemas. Na ocasião, o meu amigo Carmelo aqui, foi até lá, com todas as ferramentas, e resolveu o caso na hora. E que ferramentas! Até hoje o Jorgetão não sabe como foi efetuado o pagamento. Ah! Se ele ao menos desconfiasse. Aliás, ele bem que desconfia...Mas não gosto de pedir algo e depois dar o calote. Dívidas são sagradas!

 

Riu novamente.

 

- E o rapaz que trouxe o papagaio, então! Ficou mais de mês, em horário integral, me ensinando a alimentar o pássaro e limpar a gaiola, quando o Jorgetão viajou pro nordeste e ficou lá um tempão visitando a mãe. O jovem era um louro bonitão, sobrinho da D. Zilá. Grandão, quase 1m80cm de altura. E fazia tudo com boa vontade. Nunca reclamou. Em compensação, foi pago regiamente. Nenhuma transação monetária, claro! No retorno, meu marido fez um progresso tremendo. Aprendeu a descascar uma banana e dar para o louro. Aí confirmei a suspeita. Não poderia ter contado com ele para a tarefa. O Jorgetão está fora até o final do mês. Mais de dez dias acampado, pescando com amigos. E, se estivesse em casa, também não adiantaria nada. E a jovem esposa, abandonada, carente, sem companhia, sem banho, sem carinho, um bagaço mastigado e jogado fora.  E ele, no meio do mato,dormindo num travesseiro cheirando a mofo, cercado de amigos desbocados, mosquitos e peixes fedorentos.

 

Olhou enternecida para o ouvinte. Enquanto falava,alisava delicadamente o braço do amigo. Os olhos dele brilhavam. A trela espichava. O velho não sabia até quando ela ia engabelar, até dizer o que queria.

 

E, de repente:

 

- Agora, veja isso! Ontem, meu chuveiro entupiu. Não aquece a água e só saem alguns esguichos, de viés, pelos poucos furos livres. E,se porventura liga, a pouca água que escorre daria para pelar porco, de tão quente! Dormi mal, com esse calor. Preciso arranjar alguém para dar um jeito!

 

Quem não conhece a sapequinha, acha que sofre deveras. Suspira. Segue o papo:

 

- Hoje tirei toda a roupa, para evitar molhação, subi num banquinho, olhei de longe, mas nem encostei a mão no aparelho. Tenho medo de choque elétrico.

 

Continuou a alisar o braço peludo do amigo, agraciando-o com um olhar angelical, igual a menina mimada. Ele tinha bom conhecimento da linguagem corporal. Era a dica!

 

- Isso é café pequeno! Pensei que fosse coisa mais complicada.Vamos lá - falou ele. - Só vou pegar as ferramentas, sacar a camisa fora e colocar um calção.

 

Algum tempo depois, chuveiro desmontado, peças lavadas e escovadas, furos desentupidos, novamente montado e atarraxado no cano, com barbante nas roscas para evitar vazamentos, o velho vai encharcando um pano e despachando a água pelo ralo. Após, abre o registro e experimenta. Tudo funcionando, na mais perfeita ordem!

 

A jovem, na cozinha, vestindo apenas um avental com a desculpa do calor, prepara um cafezinho. Grita de lá:

 

- Amigo Carmelo! O café está pronto. Termina isso depois.

 

- Já está feito - responde ele, passando as mãos no calção ensopado e apanhando a caixa de ferramentas. - Estou saindo...

 

- Espera aí! Vou experimentar - fala a moça. – Estou mesmo precisando dum banho demorado.

 

Desvencilhando-se do avental e jogando-o para o alto, ela passa célere, deixando à mostra uma retaguarda de causar inveja.

 

- Ah! Que gostosura. Está quentinha! - ele ouve, em meio ao chiado do aparelho e barulho da água. - Vem até aqui! Não sejas tímido!Estás molhado da cabeça aos pés. Vais acabar pegando uma gripe. Depois te arranjo uma peça seca do pescador. Por falar nele, ligou hoje. Está dando peixe em abundância. Não volta tão cedo.

 

O velho hesita. Mas, afinal, ele precisa confirmar se o trabalho ficou bem feito. E receber o pagamento. Não que exija, está claro. Mas a amiga insiste. Não gosta de ficar devendo obrigações. E está carente,coitadinha... Além disso, ele sempre foi gamado pela garota. Sentia chegado, enfim, o dia de realizar, ao vivo, seus constantes sonhos oníricos. Afinal, o pagamento do último serviço prestado tinha sido apenas um longo beijo.

 

Num segmento, deposita a caixa no chão. Retorna pelo corredor, entra no banheiro e desaparece na bruma. Sentindo a presença almejada, ela solta gritinhos de prazer. O calção é sacado, num puxão só, e uma delicada mão feminina o joga à distância, por cima da parede do box.

 

 

 

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