ENTREVISTA COM BOSCO ESMERALDO
R: Sou natural de Missão Nova, Distrito de Missão Velha, Sul do Estado do Ceará. Aos 9 anos tive meu primeiro contato com a literatura, como leitor. Descobri nessa idade um mundo encantado, gostoso de lá estar. Assim aprendi a me abstrair, capacidade fundamental para um escritor em gestação. Aos dez anos, incentivado por minha mãe, Elisier Rolim, grande sonetista, fiz minhas primeiras trovas e aos doze, já me aventurava em alguns sonetos. Infelizmente, esses primeiros versos se perderam ao longo de minha existência. Aos quatorze, meu avô, o poeta Joaca Rolim, me desafiou a escrever uma glosa, sob o tema “SEM PAI, SEM MÃE, EU E ELA”. Sua intenção era testar se eu herdara sua veia poética. Escrevi uma décima conforme desafiado deixando-o bem satisfeito. Meus professores, sem dúvida, especialmente D. Lilian de Sá Barreto, Dr. Marchet Callou e o Pe. Paulo, certamente contribuíram bastante pelo respeito ao vernáculo e à literatura. Uma das tarefas de que mais gostava era fazer resenhas dos livros que devorava com bastante voracidade. Eu era um ‘traça’ literário. É claro que gostava bastante de aplicar o que aprendia e certamente tudo aquilo me instigou a criar, produzir textos, mas não imaginava que um dia me tornaria um escritor.
R: Romances, contos, crônicas, ficção e poesia. Também gostava e ainda gosto bastante de ler relatos históricos, documentos científicos, jornais e revistas. Resumindo, se duvidar, leio até bula de remédio.
R: Sim. Sempre que encontro algum termo desconhecido para mim, primeiramente tento dissecá-lo através de possível etimologia, mas sempre em seguida vou confirmar, consultando um bom dicionário. Costumava fazer um glossário em cada texto meu, para facilitar o entendimento de quem me lia logo ao final de minha publicação. Entretanto, recebi muitas críticas me desestimulando esta prática, justificando que diminuiria o brio dos leitores, pressupondo ser eles curtos de entendimento.
R: Sim. Vários. Não os citarei para não cometer o pecado de me esquecer de alguns.
R: Já participei de algumas. Acho interessante, claro. Entretanto, quando compartilhei alguns exemplares com alguns leitores meus, ficaram desapontados por se tratar de uma publicação multi-autoral e não um livro inteiramente de minha autoria. Mas acho bastante válidas as antologias. Participaria, sim.
R: Ainda não, mas aceitaria de muito bom grado o convite.
R: Contando com os rascunhos perdidos, acho que cerca de cinco mil. Escrevi bastante entre os 12 e 20 anos apenas poesias e charadas. Depois disso, me limitei a apenas letras para as músicas que compunha. Festas, aniversários, passeios, excussões, romances, foras, tudo virava tema para minhas inspirações. Só depois de 2010, quando entrei num site literário no qual conheci o escritor Paulo Caruso é que passei a escrever ininterruptamente. Por vezes escrevo até compulsoriamente.
R: Tenho não. É muito prazeroso poder escrever seja no estilo que for e, quando nenhum estilo me satisfaz, ouso criar algo inusitado para o meu novo texto. Assim, nessa perene criação latente, já lancei mais de setenta estilos inovadores, alguns em parceria com outros escritores.
R: Sim. Em meus blogs, meus sites, em meus grupos e páginas do Facebook, e num recanto de poetas e escritores onde tenho inúmeros amigos das letras.
R: Não tenho preferência, pois todos os temas me inspiram e findo escrevendo a respeito de algum deles, de algum modo. A vivência do cotidiano é uma constante fonte de inspiração e facilmente sentida nos temas abordados em meus escritos. A ficção é um tema em que volta e meia insisto e invisto. Mas a poesia é o que mais tenho produzido em todo o tempo.
R: Sim. A arte, de um modo geral, muito me fascina. Sempre que possível, frequento museus, teatros, musicais, exposições de artes em geral. Além da escrita, gosto de desenhar, pintar, compor, fazer arranjos musicais para orquestras ou bandas. Já me aventurei na escultura quando ainda garoto, mas, por falta de estímulo, ficou por lá mesmo esse dom enterrado. Quanto à pintura, poucas obras produzidas em minha adolescência, três ou quatro, e nem sei por onde andam as tais. Na música, gravei um CD com minha família e tenho mais de 300 composições, algumas publicadas em alguns sites do gênero...
R: A satisfação de ter cooperado para a manutenção da Língua Mãe já seria um feito de grande realização, pois creio que todo escritor deve ser o guardião de sua língua. Ser reconhecido nacional e internacionalmente creio que seja o sonho de todos os escritores, e eu não me poria à margem dessa pretensão. Ver meus livros utilizados como material de pesquisa escolar é um sonho que nutro com muito carinho. Ver minha obra ultrapassando as fronteiras do País é algo que vislumbro e, pelo menos eles já têm chegado aos Estados Unidos e Suíça. É por aí.
Você acha que o brasileiro médio costuma ler? Acha que ele gosta de literatura tradicional ou só de notícias rápidas e sem profundidade?
R: Infelizmente não. As escolas, de uns trinta anos para cá não têm investido muito em leitura, e isso é o fim. Não é à toa que os brasileiros, com raras exceções (permita-me o pleonasmo), têm baixo rendimento escolar. Creio que, além do que já expus, a era cibernética tem contribuído muto com essa falta de interesse pela leitura. Quase tudo já vem enlatado, ao alcance de um simples toque de dedo. A alienação tendente é praticamente inevitável.
R: Praticamente, não. Apenas quando a obra já está pronta. Sei que deveria fazer isso para garantir o reconhecimento de minha autoria e evitar roubo de minha preciosa lavra. Até já tive o dissabor de ver minha propriedade intelectual sendo registrada ou patenteada por terceiros. O meu consolo é que aqueles que usurparam o meu direito e patrimônio, provavelmente, não têm capacidade de criar; se não, não roubariam a propriedade intelectual de ninguém. No entanto, eu continuo criando com qualidade cada vez melhor.
R: Sim. Em novembro de 2017, lancei ALELOS ESMERALDINUS – Literatura em estilos inovadores. Já vendi 600 exemplares em apenas sete meses. Não sei se é uma boa marca, mas muito me surpreendeu, visto ser eu um escritor praticamente desconhecido até o momento.
R: Sim, e o conheci de forma inusitada. Um elemento covardemente se utilizou indevidamente de meu nome e fez comentários desrespeitosos ao citado poeta. Este me procurou tomando satisfação e tal. Respondi-lhe que nunca me utilizaria desse baixo expediente e que costumo fazer críticas construtivas, de preferência diretamente quer seja pessoalmente ou através de e-mails, pois não costumo expor ninguém ao ridículo e que trato todos como gostaria de ser tratado. Resultado, nos tornamos bons amigos.
R: O prazer com a literatura é o que me impulsiona a escrever. Vender e ter lucro é algo muito secundário, tanto é que da tiragem do citado livro, já doei mais de 1500 exemplares e vendi apenas 600. Eu diria que é mais um hobby do que uma profissão.
R: Não. Sou aposentado e disto vem meu sustento.
JOÃO BOSCO ROLIM ESMERALDO
Teólogo / Escritor