QUADRO DE MEDALHAS
NA CATEGORIA “POESIA”
MEDALHA DE OURO:
SÓ ILUSÃO (LÚCIA PÉRISSÉ)
Te vejo em meu sono
te sinto no ar;
teu rosto tão meigo em meu peito...
é lindo te amar...
Te quero tão perto,
te sonho tão doce,
tuas mãos em meus dedos,
te toco com amor...
Mas...
não tenho teu rosto,
não tenho teu corpo,
não tenho sequer um só pensamento teu.
Te lembras de tudo
mas nunca de mim...
Te vejo no sol
e o sol se escondeu...
te vejo na lua
e é noite de chuva,
nas nuvens, no céu
na azul melodia
que embala meu sonho
que é pura magia...
que é pura ilusão...
que é apenas
sonhar...
MEDALHA DE PRATA:
AINDA HOJE (LUCIANE VIANA BRAGA DE CARVALHO)
Ainda hoje
Houve um momento, em que tudo parecia singelo
Todo ato ou gesto seu me deixava em devaneio
Meu pensamento era só seu
Pertencia-lhe por inteiro
Você sorria e me agradava
Ao mesmo tempo me deixava
Pairando em expectativas
Dias felizes. Noites tão tristes
Você foi embora... Sem mim
Procurei um motivo. Árduo desatino
Minha sina começava, enfim
Partida em duas em suas mãos
Vi minha alma escorrer pelo chão
Em forma de lágrimas
Eu chorei...Indubitavelmente... Chorei
Nada na vida havia me preparado para aquele momento
Uma parte de mim foi com você...
Eterno tormento
As lágrimas, enfim, secaram
Venci a mim mesma, superei essa etapa
Tudo que começa tende a um fim
Jurei esquecer todos aqueles dias
A alegria do primeiro reconhecimento
O tormento da expectativa
A dor da despedida
E falhei...
Falhei miseravelmente
Ainda hoje, amo você
MEDALHA BRONZE:
VESTIMENTA (MARÍA CRISTINA DRESE)
Teu corpo e o meu
se fundem
crisol
estátua
metade cobre, metade prata
fogaréu inapagável
cárcere de sonhos
prata-cobre
derretida
derramada
lava acesa que endurece
seremos caminhos
rocha
prata
cobre
eternidade.
AMOR MAIOR (FERNANDO CATELAN)
Amor maior, qual se em pauta difuso,
na música derramas teu ardil, gemido
Se o pouco em mim havido ora eu uso
já isso ido não me faz de culpa remido!
Amor maior, dum algo em ti selenita,
como se o próprio São Jorge detiveste
Vê, se nos era certa essa tua saga finita,
agora aberto o teu mundo, o teu Leste!
Amor maior, ‘inda careço desses lábios
beijos que deem à lida o sabor, feitiço
que misturem aos teus vaticínios sábios
o quanto de crepitante venho, lhes atiço!
Amor maior, se bem entendes pecado
um tal ardor puxado dessa comunhão,
tenho pântanos d’alma tanto vadeado
a ver como seres quais tu e eu se dão!
Amor maior, muito faz que te conheço,
quando, a meus pés, tu ’inda a criança,
que se grande nasceste em teu começo
jamais deste com minh’alma algo rança!
Amor maior, me sendo tu o pleno gozo
te busco onde habitam os nossos cernes
Estás no âmago dum alguém estrepitoso,
conquanto em meu seio, vê, hibernes!
Amor maior, se me avultas tu escudeiro,
que traduzir de algo em céu esperançoso?
Me és amado amor maior, e por inteiro,
face a amores menores gigante colosso!
NA CATEGORIA “PROSA”
MEDALHA DE OURO (E TROFÉU DE MELHOR TEXTO):
UMA CENA DE AMOR (ANGELICA VILLELA SANTOS)
Uma comprida fila de formigas vinha todas as noites banquetear-se na lixeirinha que tenho sobre a pia da cozinha, onde entravam, mesmo estando tampada. Observei onde se abrigavam e de lá saiam para o banquete. Resolvi, então, tampar o buraquinho com miolo de pão umedecido, como aprendi a fazer com minha avó materna.
__ Demora algum tempo, mas elas acharão outro caminho e um dia voltarão, principalmente se o lixo lhes for apetitoso. Mesmo que você tampe o buraco com cimento, isto vai acontecer em outro ponto qualquer da parede ou do chão. Esses bichinhos são danadinhos! E não fique pensando que ficarão sufocadas dentro do buraco tampado, como você, que ama todos os animais, já deve estar pensando. As espertinhas devem ter alguma outra saída ou até mais de uma, para escaparem, atraídas por outra guloseima. Então, use o miolo de pão, que é barato e fácil de ser colocado, dizia vovó.
Quando cheguei em casa à noite, resolvi por em prática a operação., mas não ia fazer a maldade de tampar o buraquinho antes delas irem embora.
Quando levantei a tampa da lixeira, foi aquela debandada geral! Coloquei o miolo de pão, mas vi, logo em seguida, que uma delas – talvez a mais gulosa – havia ficado para trás e estava toda agitada, fazendo ziguezagues na parede azulejada, pois encontrara o buraco fechado.
Imediatamente, tirei a massinha e daí a instantes, saíram duas, desceram pela parede e, encontrando a companheira, encostaram as cabecinhas contra a dela, num colóquio que só elas ouviram – mas eu entendi – e, muito ligeiras, partiram em direção ao abrigo, com a outra seguindo logo atrás. Aquela cena de amor, de solidariedade entre as formiguinhas, me tocou profundamente, principalmente tendo em vista o mundo atual, onde o amor está tão distante e o lema dos humanos é: “Salve-se quem puder!”
MEDALHA DE PRATA:
TEMPERANDO EVA (JOSÉ WARMUTH TEIXEIRA)
Quando o Todo Poderoso criou a mulher, para não ter novamente uma trabalheira moldando o barro com que fizera Adão, usou como matéria prima uma costela do mesmo. Dizem os poetas que foi a sétima à esquerda, aquela que está mais perto do coração.
Mas aí, consciente de que aquela criatura teria que garantir a perpetuação da espécie com uma pequena contribuição do Adão, resolveu torna-la mais palatável e então foi em busca da arte da culinária para temperar aquele até então insípido exemplar humanóide recém criado.
Feita de um arco costal, que é como chamam hoje os médicos a costela, ela era dura como um osso. Assim, adicionou fermento à receita, com o que conseguiu o crescimento da região glútea e o arredondamento e fofura das formas daquele novo ser.
Para atrair Adão, colocou uma generosa colher de sal com o que garantiu um requinte a mais.
E para interessar mais ainda o parceiro, lançou mão de uma pimentinha, para aperfeiçoar-lhe o desempenho em momentos críticos previstos no Seu plano de ação.
Com o mesmo fim, adicionou uma boa concha de açúcar, no que resultou a doçura atual dessas maravilhosas criaturinhas.
Imbuído de um verdadeiro espírito de Chef de Cuisine, acrescentou cravo à fórmula. Com isto, a mulher ficou dotada dos ardilosos e cheirosos ferormônios que tanto atraem o elemento masculino. E por força da canela na receita, foram assim criadas as maravilhosas mulatas. Ou teria sido açúcar mascavo?
O cominho, em boa dose, causou o aparecimento da mulher negra o que foi um maravilhoso efeito colateral daquele tempero.
E foi assim que, para o deleite dos barbados, Eva tornou-se para o homem, verdadeiro manjar dos deuses.
MEDALHA DE BRONZE:
O AMOR REPENSADO (ANTÔNIO PAIVA RODRIGUES)
O AMOR REPENSADO
O amor é a poesia dos sentidos, é o canto dos belos passarinhos... Ele tem o papel de atenuar todos os nossos pecados, na mesma proporção em que nos inspiramos, usando os olhos para expressar os vis desejos. Não é soberba nem egoísmo, pois só o amor fortalece os corações dos amantes inveterados. O amor verdadeiro merece perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor.
A loucura nos leva ao desejo, a pensar invertido, mas não se sinta perdido sem amor, visto que, é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado. Exitosos e felizes são todos os homens e mulheres, que recebem ações nidificadoras oticadas nas mais belas ações, sem paradoxos ou pélagos que possam prejudicar as relações amorosas entre esses dois seres que se completam.
Hospedeiro sem frustração o amor pode ser o expurgo exitoso de bem-aventuranças evolvendo ou estribando-se nas energias positivas que esse sentimento de carinho nos oferece. Que o amor seja a genitura feliz e enobrecedora de uma vida a dois sem percalços e sem sofrimentos. O ínclito pode ser o impositivo do indumento carnal, cuja válvula propulsora sofre influenciando os nubentes, os enamorados e aqueles que têm o amor como fonte de vida e prazer.
Prescrevendo, procriando ambientes salutares, ou psicosfera sintônicas no psiquismo recalcitrando nas vontades relevantes de amar e ser amado. No fundo de cada alma há tesouros escondidos que somente o amor permite descobrir. Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor. Amor sentimento que impele as pessoas para que se lhes afigura belo, digno ou grandioso. A forte inclinação de caráter sexual, por pessoa de outro sexo.
É a grande afeição, grande amizade cuja benevolência se torna caridade, fraternidade que fazem com que as pessoas se sintam bonitas e preciosas. É a imantação do objeto desejado, amado, uma tendência para evolução da alma. Lembre-se de que nos ciúmes existe mais amor próprio do que verdadeiro amor. O amor e a razão são dois viajantes, que nunca vivem juntos na mesma hospedaria: quando um chega, parte o outro.
Eu almejo ser amar e ser amado, beijar e ser beijado tornar o amor parte integrante da minha vida. O amor sempre terá guarida em meu coração e o meu amor sempre será direcionada para a pessoa amada. Posso afirmar que o amor é a força mais sutil do mundo, por isso, meu coração bate retumbante por estar repleto de amor. Um amor pensado, repensado não nos deixa estressado, nem cansado, mas inebriado e com reflexos terapêuticos titulados de união forte sem transfugacidade de um lado e do outro, pois os nossos corações estão anelados no mais repleto amor.
A SEMENTE QUE NÃO QUIS VIRAR ÁRVORE (NINA FORTES)
Esta semente nos dá um exemplo de amor à vida. |
A SEMENTE QUE NÃO QUIS VIRAR ÁRVORE Vivia feliz, pendurada em grande árvore, desde bem pequena até sua “adultez”. Irmãs tinha muitas, amêndoas iguais a ela. Do alto, balançando ao vento que vinha do mar, olhava a areia clara e fina, levemente arroxeada junto à espuma das ondas, espraiadas, em grande alongamento. De manhã bem cedo, sem o ruído de buzinas, sem o alarido das pessoas ao sol na praia, ouvia o grito das gaivotas em seus voos de marcha militar, direcionados e desenhados no céu de azul lavado. Os bem-te-vis com seus cantos repetitivos, mas nem por isso desagradáveis. Sabia seu destino, ou melhor, seu objetivo de vida: amadurecer, tornar-se plena, cair, mergulhar no solo, germinar, tornar-se amendoeira como a de onde se originara. Mas a certeza disto a angustiava. Queria ser livre, conhecer em seu íntimo o mar. Boiar naquela “verdice” toda, subir no alto das vagas, embrulhar-se na renda branca e macia da espuma, rolar na areia molhada, ser levada de volta ao mar... Para ela isso era a liberdade e não ficar plantada em suas raízes, espiando o mar. Queria mergulhar nele, fazer parte daquele mundo liquido, “rugento” às vezes, ronronante em outros momentos. E, fazendo ela mesma seu destino, caiu e rolou o quanto pode para perto da água. Ainda distante... Teve paciência de esperar. Pequenos chutes, acidentais, bastante vento, a força da chuva; enfim, ajudada, chegou até o mar. Alegria total! Fosse ela um cachorro, abanaria muito o rabo... Tempo decorrido, muitas raladuras, polpa meio avariada, ouvindo as historinhas que os peixes contam, misturando-se às conchas que rolam, brincando com elas, a amêndoa está feliz. Pelo menos foi isso que me segredou quando a peguei. Contente com sua revelação devolvi-a ao mar.
Ficou-me sua lição: seja autêntica consigo e não se acanhe em seguir o caminho que escolheu. Assim, certamente será feliz! |