TROFÉU GERAL E MEDALHA DE OURO EM POESIA
REFLEXÃO ENTRE MÃE E FILHA (Maria Luciene da Silva)
Texto autor desconhecido
Chegou na mão do poeta
Com arte da poesia
Dá mesmo rumo e completa
Entra na linha do verso
Toca seu íntimo e repleta.
Pra refletir mãe e filha
Realidade compor
Em sextilha de cordel
A luz divina do amor
Na vida retribuir
Quando a lei é seu dispor.
O vento soprando a brisa
Chegando no mês das flores
Das noivas também das mães
Vão calando nossas dores
Também ao romper aurora
Entre rosas e os labores
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No dia em que esta velha
A mesma não puder ser
Paciência! E compreendas
E no vestido sem ver
A comida derramar
Minhas sandálias perder.
Paciência, então comigo
Lembra as horas que passei
Ensinando as mesmas coisas
A inocência respeitei
Quando eu repetir histórias
Não interrompa eu não sei.
Aprenda a me escutar
Quando eras pequenina
Pra dormir contei histórias
Muitas vezes repentina
Até fechar os olhinhos
E os lábios cor de bonina.
-2-
Embalando nos meus braços
Quando choravas de dor
Compensavas com carinho
Dava o meu imenso amor
Suas lágrimas inocentes
Enxuguei com meu calor.
Pacientemente pense
Quando sua roupa troquei
Sempre limpinha e cheirosa
O modo que lhe criei
Se não quiser tomar banho
Disto não te reprovei.
Te lembra com paciência
Os mil pretexto inventava
Te convenci tomar banho
Quantas vezes renovava
Quando eu tiver inútil
Lembre eu te tolerava.
-3-
Quando não acompanhar
A nova tecnologia
Suplico me der um tempo
Necessário todo dia
Mas também não me machuque
Ar, sarcástico não sorria.
Lembre que te ensinei
A comer e se vestir
Como enfrentar a vida
E o resultado sentir
Do esforço e perseverança
Minha luta hoje investir.
Se eu esquecer do que falo
Me ajude a lembrar
A única coisa importante
É perto de te ficar
Sentindo a sua atenção
Que não está no falar.
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E se não quiser comer
Saiba insistir com carinho
Assim como fiz contigo
Conquistei com meu jeitinho
Vou ter as dificuldades
Posso engerir de pouquinho.
Se minhas pernas falharem
Por estarem tão cansadas
Não mais me equilibrar
Dá-me as forças resgatadas
Tua mão pra me apoiar
Nestas longas empreitadas.
Eu te fiz quando criança
Começando a caminhar
Com tuas perninhas frágeis
Se da vida me cansar
Não se aborreça comigo
Aviso por te amar.
-5-
O meu amor por você
Filha é algo instintivo
Sentimento verdadeiro
Posso dizer instrutivo
Que é natural de mãe
Torna-se inspirativo.
Compreenda é difícil
Ver a vida abandonando
Nosso corpo, e é tão duro
Sentir a força liquidando
E admitir que essa vida
Aos poucos vai nos deixando.
Sempre eu quis o melhor
Pra que fosse confortável
Teus caminhos a trilhar
Tão belos e impecável
Igual jardim mais florido
Cada rosa admirável.
-6-
E até quando me for
Para ti construirei
Outra rota em outro tempo
Igual sempre me esforcei.
Estarei sempre contigo
Zelando conservarei.
Suplico à DEUS piedoso
Que transborde minha alma
Com ternura infinita
Que em vós encerram calma
Igual conforto e a sombra
De quem vive sob a palma.
Não fique triste com isso
Nem faça cara de dó
Dai-me apenas orações
Compreenda apoie e só
Assim eu te fiz viver
Com a coragem de jó.
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Faça da mesma maneira
No início da jornada
Pra terminar com amor
Paciência e mais nada
Te devolverei sorrisos
Gratidão por ser sagrada.
Tão atenciosamente
Posso receber e dar
E no segredo da vida
O tempo vai se encontrar
Num presente valioso
Tua mãe se revelar.
Leitura serve pra vida
Unificar sentimentos
Conseguindo enxergar
Importantes são momentos
Entretidos perceber
Nova tática pra vencer
Em novos conhecimentos.
Abril de 2007
-8-
MEDALHA DE PRATA EM POESIA
À minha Mãe (Sônia Nogueira)
Quando em ti penso, mãe, ausência,
Cada lembrança é saudade terna,
Coração fragilizado, a mente ativa,
Na lágrima retida força e reserva.
Na foto desbotada sina e tempo,
A alma desolada em são momento
Arquiva dor suave presa ao vento
Trazendo angústia e tormento.
Foram frios meus verões, mãe,
Faltou a mão para me aquecer,
Gesto protetor da supermãe,
O zelo do olhar no alvorecer.
O vento soava triste e lento,
Em murmúrio de consolação,
O sonho pernoitava no relento,
A vida viajava em turbilhão,
De buscas, de uma explicação,
Mas como entender a lei do alto
Que não pergunta ao coração.
Pode-se resistir tamanho assalto!
Assim é a vida na terra, que fornalha.
Uns choram pela mãe que agoniza,
Outras dão a vida na batalha,
Pobre mãe lança o filho à enxurrada.
Sobrevivi a chuvas e trovoadas,
Sentimentos voando em agonia
Nas noites frias sob as rajadas,
Nos relâmpagos, senti tua falta.
Sou órfã nas horas de saudade,
Nas horas de carência sou poesia,
Sou triste, nas horas de bondade,
Lembro-me da mãe que foi um dia.
A cada dia, mãe, a lembrança cresce.
E Deus nas alturas te louve em prece.
SER MÃE (ABÍLIO KAC)
Na vida é princípio, meio e fim...
A natureza fez a mãe assim...
Mãe: nobre missão de amamentar!
Seios pra fome saciar!
Colo de mãe é como um ninho,
aconchegante como de um passarinho!
Mãe é poesia, é melodia milenar
numa linda cantiga de ninar!
Pra mãe, o filho é sempre criança...
Independe da idade que alcança...
Mãe nos eleva e nos conforta,
força divina que a fé transporta!
Mãe nos faz mais do que somos...
Nos coloca onde não alcançamos!
Mãe é tudo, sem restrição...
Com infinito carinho no coração!
Mãe é amor, é flor, rara beleza!
Só não é Deus, porque é Deusa!
MEDALHA DE BRONZE EM POESIA
LEMBRANÇAS (LÚCIA PÉRISSÉ MOREIRA VERAS)
Olhei uma foto...
mamãe e papai... tempos antigos...
De repente acordei;
despertei do meu sonho de breves segundos.
Voltei ao passado... tão jovem era eu,
e tinha o mundo inteirinho pra mim;
uma vida tão linda, pra tudo viver,
sonhar e amar e enfim ser feliz...
Bons tempos... velhos tempos,
de criança feliz em quintal de subúrbio,
que pula o muro pra casa vizinha,
dá milho aos pintinhos, que sobe na árvore
e no galho mais alto...
alcança uma estrela...
Tempo feliz, velhos tempos
de jovem bonita sorrindo pra vida;
alegre, tranquila, que nada sentia, que nada temia...
Somente um amor enorme pro mundo,
somente a esperança de ser grande um dia,
de ser muito gente...de ser muito alguém...
Velhos tempos, doces tempos;
antigas lembranças... que hoje me voltam...
Uma foto guardada, uma foto encontrada...
E ver minha mãe, tão meiga, bonita,
que hoje em saudade...um beijo lhe dou
no dia feliz das doces mamães
que nos fizeram nascer,
e ensinaram a crescer...
Neste dia tranquilo, voltar ao passado.
Por ela rezar, por ela pedir
pra com Deus ela estar
no suave viver...
no eterno sonhar...
MÃE E SONO (HELENICE MARIA REIS RAMOS)
a longa paciência
de quimeras feita
a mãe olha o sono do filho
sabe que terá velado o seu sono definitivo
e espera que acorde para contar novas quimeras
cobre-lhe o corpinho inerme
e a vastidão da espera um dia o fará homem
ela apenas espera que acorde
virá o preço do pão
esperanças desfeitas virão
e ela,velhinha
terá um filho homem
lhe olhando o sono
MEDALHA DE OURO EM PROSA
Mãe (Kilze Guimarães Fortunato)
Lembro-me de quando eu era pequena e via minha mãe sempre forte, guerreira. Ela cuidava de tudo, nunca adoecia e, se adoecia, enfrentava sozinha, calada, poderosa. Nessa época, eu pensava: Como ela consegue? Como dá conta disso tudo? Eu não vou conseguir.
Hoje sou adulta e sou mãe e descobri que não nascemos assim: fortes e prontas. Vamos nos construindo com o tempo. Começa com um exame que diz que você está grávida, com as intempéries da gravidez. Então nos forjamos nas noites insones e dias de dedicação exclusiva. E quando me dei conta havia “me tornado” assim como ela. Não me deixando abater por nada, não me permitindo adoecer e, quando não há outro jeito, não deixando que nada me derrube. Mãe não tem o direito de adoecer, de acordar tarde quando bem entender, de dizer simplesmente: “não tô afim de fazer.” Afinal, eles precisam de mim. E eis que hoje posso enfim dizer: sou forte, sou mãe! Sou forte como minha mãe!
MEDALHA DE PRATA EM PROSA
MÃE (MARIA LUIZA VARGAS RAMOS)
Não é a primeira palavra pronunciada pelo bebê, tampouco uma vocação inerente a todas as mulheres.
Todavia, depois que o filho aprende a dizer a palavra mágica, que lhe traz socorro imediato, não pára mais. Se gastasse, ou desgastasse, o nome “mãe” teria que ser reposto periodicamente.
Algumas meninas já nascem com um genuíno instinto maternal, aprendendo a andar com suas bonecas debaixo do braço, outras desenvolvem esta vocação mais tarde e se saem muito bem nela.
Penso que a mãe é o único ser humano que daria a vida por seus filhos sem pestanejar. É aquela que de andorinha se transforma em leoa num piscar de olhos, caso algo ou alguém ameace a sua prole.
Mãe dorme com os ouvidos acordados quando tem filho pequeno e nem deita quando um deles está doente ou algum ainda não chegou em casa. Às vezes finge que dorme, mas só pega mesmo no sono quando a porta se fecha por dentro.
Chora de emoção nas festinhas da escola, mesmo que seu pimpolho se atrapalhe, erre o passo ou esqueça o verso. E nem enxerga os demais!
Sofre como uma condenada esperando a lista dos aprovados no vestibular e amassa o filho num abraço se o nome dele estiver lá, ou num abraço maior ainda se não estiver.
Acha graça em tudo o que o rebento diz ou faz, e quando precisa castigá-lo sofre junto com ele.
Mãe consegue amar o filho desaforado, o filho teimoso, o filho desligado, o filho ausente. E se derrete toda com qualquer migalha de atenção ou carinho que receba deles.
Mãe aceita situações difíceis, procurando contorná-las, com o intuito de facilitar a vida do filho e não fazê-lo sofrer ou dividir-se.
É ela quem, na maioria das vezes, segura o filho choroso para o exame, a injeção, o curativo, mesmo destruída, porque sabe que sua presença lhe dá segurança.
Reza muito e suas preces sempre têm a felicidade dos filhos como primeiro pedido.
Sofre para fazer o filho comer, ou sofre para fazer o filho comer menos.
Como autêntica mãe-coruja, enxerga toda a beleza do mundo no seu filho e ai de quem lhe diga o contrário, porque olha para ele com olhos de amor.
Mesmo quando enfrenta problemas conjugais, tenta manter o casamento para não abalar a estrutura familiar, tirando o lar dos filhos. Quando não consegue, procura assumir uma postura de dignidade, respeito e amizade com o pai dos filhos, evitando qualquer palavra ou gesto que os possa magoar.
Enfim, a Mãe foi sempre cantada em verso e prosa, desconfio até que por medo de que a gente deixe de acreditar no papel que nos cabe e comece a negar o colo.
Quero abraçar aqui todas as leitoras que são mães.
E ainda as mães que perderam seus filhos e só elas sabem como conseguiram continuar vivendo (ou sobrevivendo).
As mães que têm filhos com necessidades especiais e se dedicam a eles com uma garra invejável.
As mães abandonadas pelos filhos ou afastadas deles por fraqueza ou ingratidão.
As mães que estão ao lado de filhos doentes, tentando passar a eles o que lhe resta de força e esperança.
As mães que têm filhos presos, porque não escutaram seus conselhos e teimaram em seguir os falsos amigos.
As mães que sofrem com filhos viciados, numa roda-viva de agressões, furtos, mentiras, desperdício de vida.
Um abraço também aos filhos que já não podem abraçar suas mães.
Neste abraço sintetizo a certeza de que minha vida seria muito sem graça sem a minha mãe e completamente sem sentido sem os meus filhos.
MEDALHA DE BRONZE EM PROSA
Mãe, Heroína do Lar (Noêmia Alves)
Ser mãe já é ser especial e quando se é carente, aí então o amor é sem igual!
Quantas noites perdeu ao lado do filho doente, sem condições, a chorar, esperando o dia amanhecer e, só então, poder contar com um transporte para levá-lo ao Posto de Saúde.
Quantas vezes não comeu para deixar o tão suado bocado para os filhos, disfarçando as lágrimas e a fome com sabedoria divina. Escondendo o desespero e o amargor para não faze-los sofrer.
Quantas vezes lavou roupa de ganho, estragando as mãos, a saúde, resfriando o pulmão e esquentando demais a barriga para dar-lhes estudos e fazer do anel de doutor seu troféu maior.
Quantas vezes sufocou a própria dor, sublimando a sua condição humana e ascendendo à divina, cumprindo assim a determinação maior do Grande Pai?
Quantas vezes foi humilhada nas cozinhas e senzalas dos patrões para poder exaltar suas crias e torná-las cidadãs? Ah, quantas vezes foi obrigada a deitar com ele, estraçalhando-se por dentro, para no emprego continuar e os filhos poder criar?
Quantas vezes saiu no meio da noite, tomando chuva, sentindo frio e durante a manhã o sol a castigou no labor da roça ou na ânsia de vender a guia de camelô?
Quantas vezes não se chateou em ver que seus filhos tinham vergonha por ela ser gari, sapateira ou cozinheira?
Quantas vezes ficou triste por não ter estudo e o dever de seus filhos não poder ensinar?
Mas, a recompensa para tanta dor é vê-los crescidos, ensinar-lhes as lições da vida, tirá-los das garras dos traficantes, mostrar às filhas - meninas que já são mães - a dignidade acima de tudo; e, com toda humildade e determinação de heroína, formá-los em doutor na escola da vida, sendo exemplo de doação, dedicação e amor!
O BILHETE (AGLAÉ TORRES)
Uma caixinha: Uma letra A de ouro contendo encravado um brilhantinho. Um bilhete: “Mãe querida, este é o meu último presente antes de me casar. A de Aglaé é também A de Amor, o brilhante no meio representa o brilho do meu Amor pela senhora.” A emoção explodiu em lágrimas e um abraço celebrou o momento. Andava balançada com a separação (ia perder minha filha querida e ficar longe de seu carinho especial por mim). Muito ligadas, trocávamos experiências literárias, sentadas no banheiro, uma ouvindo o que a outra escrevia e opinando a respeito. Geralmente esquecíamos o tempo voando. Ela produzia ótimos contos e poemas! Eu também.
Seu casamento tão cedo, um choque para mim, não queria vê-la partir deixando um lugar vazio, teria que me acostumar sem ela. Eu gostava do futuro marido e dei meu apoio incondicional, mas...
Dois golpes seguidos. Em fevereiro uma perda terrível, morreu meu pai, o amor da minha vida, e logo em seguida, em março, soube do casamento inesperado de minha filha que se realizou em abril do mesmo ano. Em parte foi bom, pois me mantive ocupada cuidando do enxoval, vestido de noiva, flores da Igreja... Uma parada no rolo-vida.
Passaram-se vinte e cinco anos (bodas de prata de um casal amalgamado, feliz) e a promessa de brilho no A de Aglaé e de Amor cumprida por minha filha.
Chegando a ofuscar