ENTREVISTA COM MITIKO YANAGA UNE
Paulista de Bastos. Mas moro no Rio de Janeiro desde 1960.Quando recebi o primeiro livro lá em 1945 quando estava alfabetizada, disse ao papai que gostaria de escrever um livro. Papai me disse que teria de estudar muito para isso.
Li muito no passado. Devorei livros infantis e adulta li os da atualidade do momento.Mas eu trabalhava no IBGE e tinha de concentrar minha leitura em livros geográficos.
Não faço glossário.
Cuidando do meu marido e participando da vida dele, não me sobra tempo
Sim. Participo sempre que sou convidada.
Aceito, caso não tenha de me deslocar muito.
Iniciei a escrever textos geográficos desde os anos sessenta em publicações do IBGE. Como profissional, participei de encontros geográficos apresentando trabalhos desenvolvidos por mim na área clima e agricultura. O meu maior orgulho profissional foi ter sido convidada para escrever para a revista alemã Geojournal sobre clima e agricultura. Agradeci e disse que não sabia escrever em inglês e eles me disseram que eu teria um tradutor. Fui uma das poucas na instituição a ter publicado nessa revista top. Aposentada, fui convidada a escrever verbetes sobre o Brasil para uma enciclopédia japonesa. Fui convidada a participar do encontro sobre trabalho escravo no Departamento de sociologia da UFRJ, em 2008, apresentando trabalho que foi publicado na Colômbia.
Enquanto isso, decidi escrever a história do meu avô materno: Seiji Shimoide e lancei no ano de 2008
Decidi escrever contos e enviei para o concurso Talentos da Maturidade do Banco Real. Fui bem aceita.
Participei de um concurso literário do IBGE, e o meu conto foi premiado. Zélia Fernandes foi uma das coordenadoras e foi ela quem me ingressou como escritora.
Não tenho dificuldade. o Dificil é pensar escrever sobre o quê.
Não.
Adoro teatro, mas fico limitada a frequentar, devido ao meu marido. Adoro visitar museus e ver pintura. Mas só pinto o sete. Minha casa tem muitos quadros e meus filhos reclamam, dizendo que são quadros demais. Sou presenteada com pinturas japonesas.
Não espero retorno da literatura. Escrever tem sido um prazer. Adoro receber críticas dos meus textos. São sempre construtivas. Sou geógrafa e aprendi, ao redigir, que todo texto tem: introdução,dados, justificativa objetivo e conclusão.
Não espero retorno de reconhecimento. Mas fico feliz com as críticas. Estou com 83 anos de idade, então não tenho muito a contribuir no mundo das letras.
Andando no metrô, eu vejo pessoas lendo e acredito que muitos leem.
Já registrei os meus livros. Não sabia da necessidade de registrar textos.
Tenho três livros solo: Seiji Shimoide em busca do eldorado brasileiro, Yumê e Anos cinquenta. Agora me concentro escrevendo o livro da minha família: Éramos oito.
Não conhecia não. (Entrevistador.: Você se esqueceu de que somos confrades há anos e frequentamos juntos algumas academias, amiga? Sou eu, querida colega, o atual Presidente da Academia Brasileira de Trova, que você tanto frequenta. kkkk).
Literatura é um hobby para mim. Mas me ajuda demais psicologicamente, em função do tipo de vida que levo.Como geógrafa aposentada, eu me interessei por várias coisas: fiz curso de interpretação de sonhos, de numerologia, de grafologia, quiromancia e de tarô cigano. Agora não faço mais nada disso.Saí em busca de um novo ramo de saber.