ENTREVISTA COM NIJAIR ARAÚJO PINTO
Sou natural de Fortaleza, Ceará.
Quando você começou a se aventurar na literatura?
Desde a adolescência, ainda na escola.
Sofreu influência direta de parentes mais velhos, amigos, professores?
Meu avô era poeta de improviso, na mesma linha de Patativa do Assaré. No período em que morei com meu avô (um ano), diariamente acordava, ainda de madrugada, ouvindo modas de viola e desafios de violeiros.
O que aprendeu na escola o instigou a criar textos?
Muito pouco. Nunca tive incentivo em sala de aula, exceto no sexto ano, do professor de Português Eurides Dantas de Sousa.
Sim, leio diariamente.
Que gêneros (poesia, contos, crônicas, romance) e autores prefere?
Atualmente, dedico-me à filosofia: José Ortega y Gasset, Nietzsche, Mário Ferreira dos Santos, Giovanni Reale e outros. Recentemente, reli a obra completa de Paulo Leminski, a obra completa de Ferreira Gular, estou lendo todos os contos de Clarice Lispector e ainda me delicio com a maravilha do livro Sapiens, de Yuval Noah Harari.
Ir ao dicionário é hábito, quase mania. Não consigo ler sem anotar e consignar, nas páginas, as palavras mais rebuscadas – a intenção seria, também, a de facilitar a posterior leitura que minhas filhas, leitoras contumazes, farão posteriormente.
Leio bastante textos publicados no Recanto das letras, mas quase nenhum autor em especial. Citaria apenas dois que, com mais frequência, visito e admiro. Um deles, inclusive, é um jovem anacrônico, que certamente repousa nos sonhos de sonetistas pretéritos, um garoto de qualidade literária rara, suave e perspicaz; misantropo e solitário. Trata-se do jovem Derek Castro – que merece ser lido. O outro seria meu amigo recantista Tony Bahia, excelente letrista e singular poeta.
Já participei de mais de 30 antologias nacionais. Estou em várias antologias da CBJE e em alguns livros do projeto Poesias encantadas, do meu amigo Luciano Becalete. Inclusive, meu livro mais recente, “Descompondo”, foi lançado pela Editora Becalete.
Acha-as algo interessante?
Excelentes experiências. Infelizmente, faz algum tempo que não participo, por ter voltado minhas energias para a publicação dos meus livros.
Participaria de uma se eu a lançasse?
Sim, talvez participasse.
De nenhuma. Já recebi alguns convites, mas quando vejo o valor das taxas acabo desistindo. Tenho a ilusão, talvez, de que pertencer a academias deva ser por mérito e não o resultado de pagamento de taxas.
Tenho mais de dois mil textos e faz algum tempo que escrevo diariamente, de tudo um pouco. Lancei oito livros, tenho mais cinco no prelo e outros dez em fase de compilação.
Nenhuma. Transito com certa facilidade nos dois campos – não sei se com qualidade, mas faz muito bem escrever.
Sim. Recanto das letras e no kdfrases.
Depende do “estilo” literário. Poesias, faço das experiências, a pedido, ficcionalmente. Prosa, busco temáticas do dia a dia, preferencialmente.
Sou músico e componho. Tenho trabalhos publicados com bandas musicais e autorais, em trabalho solo. Toco violão, guitarra, contrabaixo e um pouco de teclado. A arte é fascinante e alento para a alma.
Tenho livros adotados em escolas de Fortaleza e interior do estado. Já participei e fui premiado em alguns concursos nacionais e internacionais de literatura. Ganhei o Augusto dos Anjos, inclusive. Infelizmente, o caminho é árduo e as condições para escrever são as piores possíveis. As editoras não acreditam em novos autores, via de regra. Portanto, vou escrevendo e construindo minha personalidade literária. Se em algum instante no futuro houver reconhecimento, maravilha; se não, fui feliz por ter deixado algo que transcende a materialidade.
Não temos o hábito da leitura. Aqui ao nosso lado, na Argentina, o prazer pela leitura, teatro, arte é algo inimaginável para a realidade brasileira atual. Não somos estimulados para a arte – os que gostam, são aventureiros abnegados que buscam o conhecimento por conta própria.
Acha que ele gosta de literatura tradicional ou só de notícias rápidas e sem profundidade?
Estamos na era do fast food, num ‘mundo líquido’, onde quanto pior melhor. A música brasileira está na UTI, não temos referências atuais e tudo surge e sucumbe muito rapidamente. As “estrelas” que brilham nos palcos do nosso país nunca deveriam ter saído da escuridão. Raríssimas exceções, são meros repetidores de lixo que levam multidões ao delírio, rumo ao caos, diante da arte vazia e inócua.
Meus registros são feitos por ocasião da publicação dos livros. Da fonte de onde brotaram dois mil, brotarão muito mais. Se alguém se apoderar, publique. Faço mais! Se alguém reivindicar a autoria do que fiz, a arte tem digitais – provarei o meu DNA.
Sim. Oito livros. Faço tiragem de até duzentos exemplares. A dificuldade é imensa, mas foram todos vendidos. Quando não, recuperado o investimento, presenteio os demais. A ideia é divulgar a obra e não ficar rico. No tempo certo, se tiver que acontecer, acontecerá.
Sim. Já mantivemos contatos via e-mail e por telefone. Numa das oportunidades, quase participo de uma das suas antologias, mas, repito, optei por publicar livros por conta própria.
Delicioso hobby!
Sou tenente coronel do Corpo de Bombeiros, comandante do Quartel de Bombeiros da cidade de Iguatu, no interior do Ceará, região Centro-Sul do Estado.