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ENTREVISTA COM VEBER VIANA GUSMÃO
ENTREVISTA COM VEBER VIANA GUSMÃO

1. Quando você começou a se aventurar na literatura? Sofreu influência direta de parentes mais velhos, amigos, professores? O que aprendeu na escola o instigou a criar textos?

 No antigo pré-primário (CA, para alguns). Participei de um concurso de redação (podia ser prosa ou poesia) sobre o tema “Meu livro, meu universo”. As faixas eram do CA à 5ª série e da sexta à oitava. Eu ganhei com uma poesia que, lamentavelmente, perdi (sei de memória apenas trechos). Como prêmio, recebi um livro de Ana Maria Machado, chamado “Praga de Unicórnio”.

Foi um grande incentivo, mas o que mais me encheu de orgulho foi o fato de ser um pirralho e ganhar dos “adultos” da quinta série.

Minha grande influência foi meu pai, homem muito letrado, filósofo autodidata e um dos caras mais cultos que conheci. Ele me presenteou com sua Biblioteca quando foi embora de casa (eu tinha 11 anos). Sempre me incentivou a ler e pesquisar. Por meio dele, li Homero, Shakespeare,  Alexandre Dumas, Victor Hugo, Dante, Dostoievsky, Gogol, Gorki, Nabokov (é, Lolita!), Tolstoi e até o pesadíssimo Soljenitsin além dos diversos e excelentes autores brasileiros.

Sim, o que aprendi me ensinou, mas a escola foi uma parte. Importante, diga-se, mas apenas uma parte.

 

2. Você já leu muitas obras e lê frequentemente? Que gêneros (poesia, contos, crônicas, romance) e autores prefere?

Sim, já li muito. Minha conta soa como mentira mas, aos 32 anos parei de contar (tinha entrado pro mestrado e comecei a ler apenas livros teóricos) e já tinha passado de 2.000 livros. Lia por volta de 8 a 10 livros por mês.

Hoje, cursando Direito, leio menos, estou com uma média de 4 por mês. Leio ao mesmo tempo, um pouco cada um, acho uma coisa legal de se fazer.

Gosto de tudo: de poesia a bula de remédio. Sou um leitor compulsivo.

Tenho muitos autores de cabeceira, mas não me decido por nenhum como favorito. Mas posso citar o impagável Machado de Assis, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Saramago, Érico Veríssimo, Miguel de Cervantes, Camões, Fernando Pessoa (sobretudo Alberto Caeiro), Eça de Queirós, Rimbaud, Verlaine, Arguedas, García Márquez, Cortázar, Vargas Llosa, R.R. Martin, Tolkien, e MUITOS outros que vou enfiar nesse etc final.

 

 

3. Costuma fazer um glossário com as palavras que encontra por aí (em livros, na internet, na televisão etc.) e ir ao dicionário pesquisá-las?

Hoje, não. Já fiz muito. Tenho um vocabulário muito bom atualmente, sendo poucas as palavras que me surpreendem. Assim, perdi a necessidade de anotar. Quando ouço, vou ao dicionário de pronto e investigo. O Google também ajuda muito nesse âmbito. Depois da internet, pesquisar ficou ridiculamente fácil. A garotada de hoje tem a obrigação de respeitar MUITO o diploma dos pais pois tudo era feito no livro, na Biblioteca, comendo poeira.

 

4. Há escritores de hoje na internet (não consagrados pelo povo) que admira? Em sites, Academias de que de repente você participa etc.

 Não sou um leitor assíduo de literatura por internet. Leio, em geral, a obra de amigos que, cedo ou tarde, saem do meio virtual e publicam de forma impressa. Mas, posso citar o meu amigo Francisco José Martínez Morán, espanhol, jovem poeta (uns 35 anos) que fez o doutorado comigo. Publica muito em sites mas, ultimamente, tem conseguido entrada no mercado editorial espanhol. Seu livro “Obligación” é muito bom.

 

5. Você costuma participar de antologias? Acha-as algo interessante? Participaria de uma se eu a lançasse?

 Já participei, mas me afastei. Cheguei a ser bem laureado, mas passei a escrever de forma descompromissada. Acho muito bom participar de antologias e premiações. E, sim, participaria caso fosse convidado.

 

6. Você é membro de Academias de Letras? Aceitaria indicações para ingressar em Academias de Letras como membro?

Hoje, sou apenas indicado. A situação financeira, infelizmente, tem me impedido de aceitar. Mas seria sempre uma honra ser lembrado e participar efetivamente.

 

7. Tem ideia de quantos textos literários já escreveu? Há quanto tempo escreve ininterruptamente?

 Nem ideia. Ininterruptamente, não escrevo. Aliás, interrompo até demais (risos). Folheando meus papéis guardados, tenho de tudo: desde peças teatrais a poesias, tudo “interrompido” há dez anos e nunca terminado. E acho que estão relegados ao sem-fim uma vez que hoje sou outro e a obra se tornaria um Frankenstein.

 

8. Você tem dificuldade de escrever em prosa, em verso? 

Nunca tive dificuldades com a língua, em qualquer de suas expressões. Jogo nas onze.

 

9. Você possui algum lugar onde publica textos virtualmente? Qual? 

Não. Hoje, só escrevo para mim.

 

10. Que temas prefere escrever? Prefere ficção ou o que vivencia e vê no dia a dia?

Depende da época. Às vezes, estou mais fictício. Às vezes, mais filosófico. Por vezes, mais cronista. Varia.

 

11. Aprecia outros tipos de arte usualmente? Frequenta museus, teatros, apresentações musicais, salões de pintura? Está envolvido com outro tipo de arte (é pintor, músico, escultor?)

 Sim, sempre. Amo a música, mas sou um músico sofrível. Mas arrisco por aí. Canto de forma igualmente terrível, mas não me furto a oportunidades de cantar em público. Contudo, dou boas tacadas na Pintura, onde assino com o mesmo pseudônimo: V. Guzmán.

Já pintei em acrílico (foi uma fase), mas minha praia é o óleo sobre tela. Tendo às pinturas neoexpressionistas, onde o expressionismo alemão me marcou. Os conheci quando vivi em Madrid. Atualmente, estou desenvolvendo uma coleção (ainda está em projeto) que relê a Via-Crucis. Chama-se “Via Dolorosa”. São 15 telas em óleo: 14 telas 50x70 e uma 70x90, formando as 15 estações.

Confesso que vou a museus, porém muito menos do que gostaria. De toda forma, visito tudo o que posso de arte.

12. Que retorno você espera da literatura para si mesmo no Brasil? E a nível de mundo?

 Prazer e prazer em ambas as respostas. Nunca esperei retorno financeiro de estudos. Tanto que tenho praticamente quatro faculdades (estou no nono período de Direito), mestrado e Doutorado em vias de defesa de tese e ainda sou pobre, servidor público. Tem gente com muito menos estudo e que já chegou ao primeiro milhão fácil. Se um dia isso se traduzir em grana, ótimo. Se não, continuo achando que valeu a pena.

Por exemplo, ter publicado poesia na Espanha foi um prazer inenarrável e me deixa muito orgulhoso.

 

13. Você acha que o brasileiro médio costuma ler? Acha que ele gosta de literatura tradicional ou só de notícias rápidas e sem profundidade?

 Há de tudo, mas se olharmos qualidade, a resposta é não. Sou professor de nível médio e já o fui do nível superior (deixei para estudar) e poucos são os leitores.

Antes de desenvolver o gosto pela leitura, a imagem de uma atividade estática torna desleal a concorrência com linguagens como o audiovisual dos videogames, o incontestável apelo físico e sensual da música e da dança, a fácil decodificação da TV e a interatividade das conexões que povoam a internet.

Hoje, a coisa está muito mais superficial, nunca se aceitou tanto uma informação como verdadeira sem criticar a origem quanto agora. Paradoxalmente, a mesma internet permite confirmar a fonte com extrema facilidade. Mas ninguém faz. Esse fenômeno me assusta.

 

14. Você costuma registrar seus textos na FBN antes de publicá-los? Sabe da importância disso?

 Sei da importância e nunca fiz. Inclusive, um dia um texto meu foi plagiado, e participou de uma antologia, sendo premiado. Não liguei, apenas achei safadeza. Mas continuo dizendo que o texto é meu. Inclusive, a pessoa a apresentou com um erro, que eu já corrigi, e ele nem deve saber que é um erro. Vida que segue.

 

15. Já tem livros-solo publicados? Consegue vendê-los com certa facilidade? 

Não, nunca, sequer tentei. E, quando tiver, se alguém não se encarregar da venda, eles ficarão encaixotados. Sou um péssimo vendedor.

 

16. Já conhecia o poeta-escritor Oliveira Caruso (desculpe-me... Esta pergunta é padrão para quem participa de meus concursos literários)?

 Claro! Um cara quase perfeito em sua literatura mas que tem um sério defeito de personalidade: teima em ser vascaíno.

 

17. Você trabalha com literatura inclusive para aumentar sua renda ou a leva como um delicioso hobby?

Apenas como um delicioso Hobby. Já explicitei os motivos, não pretendo ser redundante. Mas, para ilustrar, a literatura (produzir ou ler) ocupa a mesma zona e importância que todos os prazeres que tenho na vida: desde o sexual até uma boa conversa de bar, uma pescaria na praia, um abraço das minhas filhas seguido daquele “eu te amo” sincero que só quem é pai conhece, dentre outros. Ou seja, se eu tivesse que eliminar um desses prazeres ou elencar algum como mais importante, não saberia indicar um.

 

Veber Viana Gusmão

V. Guzmán

 

 

 

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