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TEXTOS VENCEDORES II ARRAIAL LIT. À MODA ANTIGA
TEXTOS VENCEDORES II ARRAIAL LIT. À MODA ANTIGA

TROFÉU GERAL E MEDALHA DE OURO EM PROSA

ÉRIKA LOURENÇO JURANDY (RIO DE JANEIRO-RJ)

 

 

Comida e bebida típicas e politicamente corretas para todo arraiá

 

Meados do ano muita animação, tem festa junina e julina, tem comida de montão. Povo todo gosta deste momento, mas tem gente que aproveita muito mais, são os nossos políticos queridos, que não deixam passar a comilança, jamais!

E para um arraiá arretado, com a melhor comida típica que há, antes de mais nada, ela tem que ser politicamente correta, passando pelo crivo dos dotô, para serem liberadas, sem muito complicadô!

Vale tudo neste metiê, doces, docinhos e salgados, bebidas e bebuns para todo lado, mesas fartas, que não farta nada, nas granjas retas ou tortas, para os pesoar agradá. Para o povo, sei lá, a mesa pode farta tudo, mas se é festa, vamos simbora, que ninguém vai nem reclamá! E deixa desta prosa, falar disso em outra hora, minha lista vai começar. Vou citar só as principais, as que nossos políticos queridos apreciam mais. Pois o tema é com ele, por eles e para eles, deixando o resto para trás.

Logo de cara já menciono, a mais famosa comida, a pamonha assada e quentinha, que lambuza os beiços dos que dela possuem simpatia. Mas pamonha também pode ser, aquele sujeito bobo, tolo, fácil de convencer, não necessitando nem o trabalhão de debulhar milho e triturar, misturando com coco, açúcar e colocando na palha para assar. É mais fácil ter vários pamonhas de norte a sul do que colocar a mão na massa para fazer a danada da pamonha assada. Mas, mesmo sem arredarem uma palha do milho, conseguem degustar muito bem a iguaria cheia de brilho. E dá-lhe pamonha no anarriê!

A segunda mais cotada comida típica junina e julina, muito apreciada pelos nossos políticos amigos, é o tal do curau que, ora vejam, também é de milho. Muito parecido com a pamonha, mas com um gosto diferente, os políticos adoram mesmo e aprontar com o curau de toda a gente. Aqui a rima é meio perigosa e nem vou me aventurar tanto, vocês que são roceiros mas não são bobos, entendem bem do que estou falando. Fazer o tal do curau, com milho, leite, leite de cocô, leite condensado, margarina, sal e canela em pó, arriégua! Dá muito trabalho! Imagina se político vai ter este trabalho, melhor se esconder dentro de um armário e comer o curau alheio, coisa que eles fazem muito bem e sem rodeios...

Saindo desta linha de milho, vamos para outra comida festiva que nossos políticos apreciam demais, que é o danado do cuscuz. Cuscuz é mais versátil, podendo ser doce ou salgado, sendo apreciado em ambos os modos, por nossos políticos exigentes, pois as comidas típicas devem estar mesmo excelentes! E nada melhor do que comer o cuscuz dos eleitores, que já gastam tempo com a iguaria, que pode ser a tradicional ou com ingredientes variados, deixando um sabor bem arretado!

Esquecendo um pouco as comidas e lembrando das bebidas, unanimidade entre nossos políticos comedidos, está o tão famoso e solicitado quentão, que eles acham um trem danado de bão! Sendo feito de vinho ou aguardente, se for quentão, político põe logo a mão, pega o copo sem dó e nem piedade, bebendo um, dois, três, dez, até não poderem mais, até o quentão formar muita alucinação, deixando disparar o coração, provocando alegria de montão!

E das batidas de frutas, o que dizer? Uma gostosura, com ou sem álcool ao desejo do freguês, para os políticos, tanto faz, eles bebem tudo de uma só vez! E, como de costume, não precisam nem se cansar, para as batidas preparar; deixa que o povo assume o preparo, escolhe, compra, corta e faz. Mas, na hora de bater, os políticos sabem bem o que fazer, porque bater é com eles mesmo, uma especialidade, que o povo aguenta, até com certa felicidade – sadismo pouco, ah, é bobagem!

     Ah, e antes que eu me esqueça, se quiserem as receitas é facinho de encontrar, em qualquer canto do país, estas comidas você pode apreciar. Mas será difícil ver algum político, na cozinha a se aventurar, preparando estas comidas e bebidas de arrasar; na verdade, eles usam uma saída mais bacana, pegam do povo animado, que ainda acha essa ousadia um barato!

 

 

 

MEDALHA DE PRATA EM PROSA

JOSEPHA SOARES (RIO DE JANEIRO-RJ)

 

As Inesquecíveis Festas Juninas

 

As festas juninas sempre foram belíssimas. No passado muitas pessoas possuíam casas com imensos quintais arborizados onde eram montados arraiais próximos aos festejos dos três santos: Santo Antônio, São João e São Pedro, também havia a poda das árvores e os galhos cortados em pedaços iguais eram guardados para a tão esperada fogueira no meio do quintal. As famílias e os vizinhos se reuniam, que coisa boa...

Bandeirinhas coloridas e guirlandas eram cortadas em papel fino pela garotada local e cada um queria mostrar suas qualidades e os quintais ficavam todos enfeitados.

Balões eram confeccionados pelos mesmos operários do sonho e beleza nas cores mais variadas. Eram inúmeros balões simples. A rapaziada preparava as buchas com saco de linhagem, breu, sebo, etc. e na hora de soltá-los, todos seguravam os gomos numa alegria de participação e convivência. Eh! Eh! Eh!, uns subiam e outros queimavam: Oh! Oh! Oh! era ouvido, mas não faziam estragos. Hoje, os balões são proibidos, pois não são mais os simples balõezinhos que enfeitavam os céus. São agressivos pelo exagero no tamanho e nos fogos que carrega, provocando muitos estragos ao patrimônio e ao ser humano.

As senhoras preparavam a canjica e o cheiro da canela, cravinho e coco, davam água na boca; o cus-cuz, a paçoca, a cocada, o pé-de-moleque, o quentão, o bolo de milho, as batatas doces assadas nas brasas da fogueira, eram sempre bem recebidas e às vezes queimavam as pontas dos dedos, tal a gula em comê-las, o melado, com aipim ou farinha de mandioca, será sempre lembrado, o salsichão no palito e as maçãs do amor eram pura tentação.

A vestimenta dos caipiras da época era outro espetáculo à parte. As moças, com vestidos rodados de chita e enfeitados com bordados e sianinhas, flores no cabelo eram de uma beleza sem fim. Os rapazes com camisas em xadrez, calças de brim coringa, exibindo remendos forjados e chapéus de palha, bigode e costeleta pintados no rosto, formavam um caipira perfeito na hora de dançar a quadrilha. Os pares davam-se as mãos e a alegria reinava solta, dali muitos namoros se iniciavam. Os casais que melhor dançassem ganhavam prêmios simples sempre alusivos a festa.

As músicas alusivas aos padroeiros da festa davam um toque de interior: “Capelinha de Melão é de São João...” “Eu pedi numa oração ao querido São João que me desse um matrimônio, São João disse que não: Isso é lá com Santo Antônio...” A modinha preferida pelas crianças era: “Cai, cai, balão aqui na minha mão, não vou lá, tenho medo de apanhar...” Muitas outras traziam beleza àquele momento de esplendor.

Havia o casamento em meio à festa, onde o noivo fugia à responsabilidade, quando a noiva, com um vestido branco e grinalda, talvez emprestado de alguma parenta ou amiga, esperava o “príncipe encantado” exibindo uma barriga considerável. Diante do imprevisto o “delegado”, encenado por um austero jovem participante, o levava para a cadeia, também armada no arraial ou então para a “igreja”, erguida no mesmo local e o “noivo” era entregue ao “padre”, onde seria reparado o “delito”, o que provocava risos aos participantes.

Assim, a festa ia se desenvolvendo num clima de muita alegria, onde os balões eram confundidos com as estrelas, tal a grande quantidade, mas eram inofensivos e de tamanho reduzido.

As estrelinhas, as bombinhas, as rodinhas, os busca-pés iam estourando e iluminando o arraial, numa alegria que durava até ao amanhecer e encantava as crianças. Lembro que fui à festa na casa de uma amiga, onde os busca-pés esvoaçavam na arrelia dos meninos, um deles varou minha saia rodada de um lado ao outro, sorte que não me queimou, chorei muito, mas logo passou continuei brincando com minha saia “refrigerada”.

As sortes também faziam parte do cenário. As jovens colocavam papeizinhos fechados com nomes dos pretensos candidatos dentro de uma vasilha com água; no dia seguinte o papel que estivesse aberto exibiria o nome do eleito. Um fato interessante me aconteceu: coloquei os tais papeizinhos numa vasilha com nomes masculinos. Minha surpresa foi grande quando, pela manhã, encontrei a vasilha virada e os papeizinhos jaziam no chão.

Meu pai, que não gostava de ver vasilhas com água parada, por causa dos mosquitos, inadvertidamente havia derrubado os meus sonhos ao solo. Entretanto, também, sem querer, ele talvez demonstrasse que o nome do meu eleito não estava de molho, pois só mais tarde conheci o Wilson, com quem estou casada desde 1960.

Outra sorte era: um prato com terra, outro com água e um terceiro com uma aliança. A jovem seria conduzida até os pratos de olhos vendados e, se colocasse a mão no da terra seria morte, no da aliança: casamento e no da água: viagem. As bananeiras também eram sacrificadas: à meia noite as moças de faca em punho enterravam a mesma numa bananeira e, assim, sem olhar para traz, no dia seguinte apareceria a inicial do futuro marido. Muitas outras sortes aconteciam, tornando a festa hilariante porque tudo era pretexto para confraternização entre jovens, crianças e idosos. Era uma troca de carinho e alegria.

Havia a corrida do saco, onde os participantes entravam num saco de linhagem até a cintura, quem chegasse primeiro a determinado ponto seria o campeão. A competição com ovo numa colher, levada à boca também eram interessante, o competidor teria que caminhar sem deixar o ovo cair. Era uma verdadeira explosão de alegria e de ovos por todos os lados. Uma brincadeira que também agradava era: um burro desenhado em cartolina, o rabo era separado, o participante, com os olhos vendados, teria que colocar o rabo do burro no lugar certo, era hilariante pois o mesmo era afixado nos lugares mais inusitados. Também a brincadeira da maçã trazia entretenimento: uma maçã era pendurada numa árvore, dois competidores teriam que morde-la, ganharia o que conseguisse primeiro, durante a disputa ambos davam cabeçada até conseguir a vitória. Havia também o correio do amor onde numa romântica cesta, com corações, finamente confeccionados, eram distribuídos com mensagens amorosas aos rapazes e as moças que as liam em voz alta.

A fogueira ia ardendo, trazendo um colorido quente e inesquecível. Os mais afoitos a pulavam, quando já estava mais baixa, ao som das músicas alusivas aos festejos juninos.

E assim as tradicionais festas juninas aconteciam, homenageando os três Santos: Santo Antônio, São João e São Pedro, que, por certo, estariam sorrindo no céu e espalhando bênçãos a terra.

Os tempos mudaram as festas são suntuosas, quase ninguém tem quintais, geralmente são realizadas em pátios das igrejas, área de lazer dos condomínios, nas escolas e nos clubes, o importante é sempre reviver essa tradição que jamais terá fim. Recordar as festas juninas nos traz saudosas e doces lembranças que invadem a mente e o coração.

 

 

 

MEDALHA DE BRONZE EM PROSA

MARIA RITA DE CÁSSIA PRETO MIRANDA (SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO-MG)

 

QUE FESTA!

 

          ...Chegando à porta da casa, olho demoradamente para trás gravando para sempre aquela cena de final de festa. Registro todo o silêncio, os papéis espalhados pelo chão, as brasas da fogueira resistindo a virar carvão, a mesa de quitutes com migalhas aqui e ali, o céu pontilhado de estrelas minúsculas e São João lá no alto com os papéis coloridos e esvoaçantes a emoldurá-lo, agora me parecendo sorrir, acenando para mim, me abençoando.                                     

          O casarão antigo construído num vale lá pelos lados do Morro Vermelho foi o palco da festança junina.

          -Menina, cuidado com o cordão de bandeirinhas. Assim você o amassa ou arrebenta.

          Era a mamãe falando com alguma filha que teimava em esticar mais o cordão para que ele alcançasse o prego da parede oposta. Aos poucos, a varanda que circunda a casa está tomada de cores vibrantes e eu olho, procurando sem encontrar, uma fresta para ver as telhas que a cobrem.

          Pouco distante da casa, meus irmãos carregam pequenas toras de madeira que vão sendo sobrepostas. Logo a fogueira está pronta. Como era grande! Ficava admirando-a já sentindo o calor das labaredas e os estalos do fogo crepitando, que até hoje escuto. É um barulho gostoso!

          -Espete as laranjas no mastro, dizia alguém.

          Uma tora fina, deitada sobre a grama, ia recebendo, a intervalos regulares, laranjas espetadas nas forquilhas que foram ali deixadas propositalmente.

          -Enfeite bem o santo que é como ele gosta.

          Então a estampa era ornada com papel de seda colorido, contrastando com a seriedade de São João.

          Na cozinha, a movimentação era constante. Bolos, doces e quitandas eram preparados por mãos experientes.

          -Não pegue agora, deixe para a hora da festa. Escuto ainda esta voz dita cada vez que tentávamos surrupiar um quitute.

          O ranger da porteira, ao entardecer, anunciava a chegada da perua de papai. Corríamos para lá. Depois de estacionada, as portas eram abertas e caixas de estalinho, fósforo de cor, busca-pés e até foguetes eram descarregados.

          -Cuidado e não peguem nenhum. É para a hora da festa.

          Ainda bem que a hora da festa estava chegando. De noitinha, com toda a família reunida e alguns convidados da redondeza, a alegria estava garantida.

          -Todos para a sala. Primeiro o terço.

          A reza não tinha fim. Estávamos ansiosos para que acabasse logo e novamente pudéssemos correr livres pelo gramado úmido de sereno.

          -Hora de levantar o mastro!

          Era lindo! Os tiros dos foguetes embalavam a subida do santo com as laranjas e os papéis de seda, arrematando o semblante sério de São João. Olhando para cima, me sentia diminuta e sorria ao ver o papel colorido balançando ao vento. Aquela cena me contagiava!

          Os fósforos de cor e de estrelinhas eram distribuídos às crianças. O clarão que deles desprendia deixava-nos eufóricos. Riscávamos um após o outro deixando as caixinhas, num instante, vazias.

          De repente, os meninos correm em algazarra, pois alguém soltara o busca-pé, bombinha que tinha uma vareta que a impulsionava. Acesa sai em disparada, procurando alcançar o pé dos descuidados.

          Os estalinhos, que vinham em caixinhas cheias de serragem para protegê-los, eram jogados com força ao chão. Disputávamos o barulho maior.

          Agora sim. Podíamos pegar bolo, doces, biscoitos, pipocas à vontade na enorme mesa forrada de tecido chita. A hora da festa tinha chegado e não precisávamos esperar mais.

          O sanfoneiro anuncia a quadrilha. Todos se movimentam de  maneira  desordenada  para encontrar um par e improvisar a dança. Muito riso, gritos de alegria, erro nos passos, acerto no ritmo, até que o tiauzinho era feito no momento em que a sanfona dava os últimos dobrados.

          A fogueira agora já lançava chamas mais baixas, cansada de tanto se queimar, mas os estalinhos, aqueles barulhinhos gostosos, persistiam.

          Alguns casais ainda dançavam. Outro grupo só conversava e ria muito, sei lá do quê.

          Aos poucos a festança chega ao fim. A prosa diminui. A sanfona silencia. A fogueira já não crepita. Não tem mais fósforos de cor, nem estalinho. Só o santo continua intacto lá em cima.

          Meus pais entram na casa juntamente com os filhos. Os convidados se dispersam. O silêncio se torna inevitável debaixo do céu pontilhado de estrelas....

 

 

MEDALHA DE BRONZE EM PROSA

DANUSA ALMEIDA (CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ)

 

Aquela especial maçã do amor

 

Nasceu em uma cidade do interior de Minas Gerais, bem rica em folclore, a garota Maria. Ela, desde cedo, aprendeu os costumes, hábitos, lendas passadas de geração para geração.  Alguns exemplos eram os contos de Sinhá Mercina, que eram de assombração, do “Bicho da Carneira” e outros arrepiantes; também, conviveu com as danças e cantigas populares, as comidas, produtos artesanais típicos, incorporando o jeito mineiro de ser e viver.

Certa vez, era dia de São João. Maria já estava com seus dezoito anos. Adorava festa junina, então, junto a Célia, sua amiga de infância, foi à festa, na praça central daquela linda cidade.

Antes, preparou-se com rosto pintado, cabelo com tranças e fitas, vestido todo de babados coloridos. Chegando lá, no centro, ficaram alegres com a animação das pessoas...  toda a cidade estava por lá.

O lugar estava todo enfeitado de bandeirolas coloridas, balões, barraquinhas e um palco grande, armado para as apresentações dos cantores e das quadrilhas. As crianças corriam e brincavam com as bombinhas, traques e serpentinas. A fogueira estava acesa e haviam colocado batatas doces e espigas de milho para assarem. O cheiro estava bom demais!

As moças estavam com os corações livres; não tinham namorado e a festa era uma boa oportunidade para conhecerem algum pretendente.

Maria e Célia provaram os doces gostosos: cocada, pé de moleque, canjica. Depois resolveram ir até a barraca da pescaria, onde se divertiram e ganharam prendas. Logo a seguir, resolveram provar das bebidas. Havia quentão, mas preferiram as caipivodcas de frutas. Ficaram mais alegres, ainda. Foi bom para aquecer um pouco o corpo, pois a noite estava fria.

Encontraram algumas amigas e ficaram a conversar, próximo à igreja; quando, de repente, ouviram uma mensagem, anunciada na cabine montada para os “Recados do Amor”. Dizia: Maria, moça bonita, filha do seu João e D. Marlene, estou sempre pensando em você, meu bem querer!

Espantada com a surpresa, Maria ria desesperadamente e suas amigas também. Uma delas disse que ele bem poderia ser o dono da voz bonita! Será que era ele?

Pois era ele! Logo, o rapaz se aproximou das moças, com olhar apenas para Maria. Ofereceu-lhe uma maçã e, de supetão, disse-lhe: - Vim trazer esta maçã para a mais bela moça dessa cidade; que ela toque seus lábios e os faça pronunciar a palavra mágica “SIM”; por aceitar a me namorar e, então, poderei dar-lhe e, claro, receber os mais doces beijos de amor!

E, foi assim que Maria, feliz com a conquista, aceitou aquela especial maçã e o seu primeiro e tão sonhado amor!

 

 

 

MEDALHA DE OURO EM POESIA

ABÍLIO KAC (RIO DE JANEIRO-RJ)

 

UM BALÃO NO MEU SONHO

 

Vendi o trigo colhido

e comprei material.

Fiz um balão colorido,

meu sonho celestial.

 

Com quentão fui aquecido,

noite fria no arraial.

Soltei meu balão querido,

fantasia especial.

 

Elevou-se num instante,

virou estrela brilhante

dando emoção sem igual.

 

Mas, de repente um clarão!

Pegou fogo o meu balão!

Queimou o sonho e o trigal!

 

 

 

MEDALHA DE OURO EM POESIA

EDNA ITAIPAVA (RIO DE JANEIRO-RJ)

 

FESTA NO ARRAIÁ

 

A festa aqui no arraiá

vai sê boa pra daná

Vai tê cuscuz, paçoquinha,

mio verde e canjiquinnha.

 

Vem correndo pra dançá

a quadria co a sinhá.

Ela tá tão bonitinha

a cara cheia de pintinha.

 

Vô comê batata assada

pé-de-moleque e cocada.

De curau, tem um montão,

tem um barril de quentão.

 

Pra mode ocê se alegrá,

cunvidaro o Zé Preá,

sanfonero de Limera,

pra tocá a noite intera.

 

João vai dançá com Niquinha

de noite inté minhãzinha.

E quando a festa acabá,

vão corrê pra se bejá.

 

Mas, se o pai dela subé,

vai sê o maió banzé.

Na certa vai obrigá

João cum Niquinha casá.

 

Inté que ruim num é não,

pois Niquinha é um avião

e se num casa, é linchado,

que o pai dela, é o Delegado!

 

 

MEDALHA DE PRATA EM POESIA

ANDRÉ FLORES (PORTÃO - RS)

 

Noite de São João

 

 

A fogueira queima na noite estrelada...

O barulho da pipoca estourando na panela...

O cheiro de milho solto no ar...

Muita pamonha, muito quentão...

Para aquecer nosso coração...

É noite de são João.

 

A noiva espera por seu amado...

Namorados trocam recadinhos de amor...

Músicas ofertadas pelos românticos...

Jogo de argola...

E a noite vai passando...

É noite de são João.

 

Pular fogueira, brincar com estalinhos...

Busca-pés escorrendo pelo chão...

Menino pegando na mão da menina...

Esperando roubar-lhe o primeiro beijo..

Muita inocência, muita emoção...

É noite de São João.

 

Estas são lembranças...

De tempos que não voltarão...

Estampadas na memória e no coração...

 

Nas quais ficarão...

Impregnadas nesta alma de criança...

Que viveu cada noite de São João...

Os momentos mais puros de uma infância.

 

 

 

MEDALHA DE BRONZE EM POESIA

LINDALVA SILVA QUINTINO DOS SANTOS (BELO HORIZONTE - MG)

 

Morena Faceira

 

 

Tem fogueira, tem canjica,

Tem busca pé e quentão,

Mas tem muita morena bonita

Nesta festa de São João.

 

Meu coração disparado

Quando vejo essa morena

Toda de chita e faceira

Rodopiando perto da fogueira.

 

Fico num canto esquecido

Nem provo das iguarias

Não me apetecem os doces,

Nem a pipoca e o curau

eu só penso nessa morena

que em outras bandas não tem igual.

 

Toda faceira me olha

Requebra os olhos de um jeito

Que mais me prende o coração

Nesses feitiços brejeiros.

 

Morena não bole comigo

Meu coração não aguenta

Mas, se morro de amor, nesta noite

Morro feliz e contente

pois, a morena faceira

mandou-me um beijo de presente.

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