Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Google-Translate-Portuguese to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

ONLINE
2




Partilhe esta Página



 

how to watch super bowl 2021 for free


Total de visitas: 1428618
ENTREVISTA COM IZABEL NASCIMENTO
ENTREVISTA COM IZABEL NASCIMENTO

Prezados, desta vez eu lhes trago uma entrevista feita com a rainha do cordel sergipano: Izabel Nascimento. Boa leitura!

 

  1. De onde você é? Quando você começou a se aventurar na literatura? Sofreu influência direta de parentes mais velhos, amigos, professores? O que aprendeu na escola o/a instigou a criar textos? 

 

Sou sergipana de Aracaju. Aprendi os primeiros versos de Cordel no ambiente familiar. Sou filha de pernambucanos, os poetas Cordelistas Pedro Amaro e Ana Santana, que moram em Aracaju há quase 50 anos. A literatura de Cordel, vivenciada no seio familiar, sempre me encantou. Eu presenciava os encontros de poetas e cantorias na minha casa e aos 7 anos de idade, comecei a fazer os meus primeiros versos, sempre em homenagem aos meus pais, tempo em que já desenvolvia a leitura e a escrita. Aos 13 anos, escrevi o meu primeiro folheto: "Um falso amor". Na escola, sempre me destaquei pela habilidade de escrever e de apresentar meus trabalhos à turma. Tudo o que aprendia na escola, apresentava aos meus pais em casa. Porém, apresentava na Escola, muitas das coisas que escrevia com ajuda e incentivo da família.

 

  1. Você já leu muitas obras e lê frequentemente? Que gêneros (poesia, contos, crônicas, romance) e autores prefere? 

 

Gosto de ler Cordel. Recentemente, tenho me dedicado às leituras teóricas sobre a Literatura de Cordel e mergulhado no campo da pesquisa. Como passei a conhecer muitos poetas cordelistas através das redes sociais, tenho lido os cordéis que recebo de presente destes amigos. Além de meu pai, Pedro Amaro, leio e releio os folhetos do saudoso sergipano João Firmino Cabral, me encanto com a alegria dos versos do meu conterrâneo e amigo, o Poeta João Batista Melo, me impressiono com a grandeza dos versos do paraibano Zé de França, aprecio a coesão dos versos do grande Moreira de Acopiara e pesquiso na fonte inesgotável que deixou o grande Patativa do Assaré. 

 

  1. Costuma fazer um glossário com as palavras que encontra por aí (em livros, na internet, na televisão etc.) e ir ao dicionário pesquisá-las? 

 

Pesquiso diretamente na internet, através do celular. Faço muito isso e não só pelo significado das palavras, mas também pela rimas que determinada palavra pode oferecer ou provocar. Este exercício é muito bom e favorece o momento da criação dos versos de Cordel. 

 

  1. Há escritores de hoje na internet (não consagrados pelo povo) que admira? Em sites, Academias de que de repente você participa etc. 

 

Eu não sou membro de nenhuma Academia, embora tenha muitos amigos acadêmicos que admiro. 

 

Dialogo muito com poetas - cordelistas e não-cordelistas - pelas redes sociais, alguns deles/as não conheço pessoalmente. É o caso dos poetas que compõem o grupo "De Repente Cordel" no whatsapp. São oito poetas de 06 Estados brasileiros distintos que interagem diariamente há quase dois anos. No grupo, produzimos versos e ano passado escrevemos um material poético para confecção de um livro, o qual estamos buscando apoio para publicar. Os poetas Gustavo Queiroz, Igor Alves, Jonh Morais, Júnior Adelino, Palloma Brito, Paulo Medeiros, Rarisovaldo Oliveira e Zé de França são poetas do Cordel com quem tenho aprendido bastante.

 

Fora do "De Repente Cordel", há muitas outras pessoas ligadas a poesia que me ajudam e ensinam bastante. Um ótimo exemplo disso é o contato virtual com as Mulheres da Literatura de Cordel, que antes conhecia apenas on line, mas que tive a oportunidade de interagir pessoalmente num encontro na cidade do Crato-CE, ano passado. É muito forte e bonita a história da Mulher no Cordel e encontrar as talentosas poetisas foi algo que muito me fortaleceu.

 

 

  1. Você costuma participar de antologias? Acha-as algo interessante? Participaria de uma se eu a lançasse? 

 

Já participei de Antologias e de Cordéis coletivos. Acho muito interessante a construção coletiva para divulgação de nossos trabalhos. É uma das formas que eu considero de crescer com solidez e legitimidade. Certamente participaria de uma Antologia lançada pelo amigo Caruso. Seria uma honra!

 

  1. Você é membro de Academias de Letras? Aceitaria indicações para ingressar em Academias de Letras como membro? 

 

Não sou membro de nenhuma Academia ainda. Eu sempre fui muito resistente a esse movimento pelo fato de trabalhar com a literatura de cordel e vê-la muitas vezes discriminada pelo fato de ser uma manifestação de origem popular. Para mim, as Academias de Letras não me contemplavam enquanto cordelista e defensora do Cordel como Literatura. Recentemente, observo o surgimento em todo o Brasil de novas academias, estas com propostas de ações inovadoras, que valorizam e agregam as literaturas, fortalecendo-as. É importante este novo pensar porque a partir dele, os caminhos para a valorização do cordel, por exemplo, se abrem. Nesta ótica e com este objetivo, ficaria lisonjeada com um convite para ser membro de uma Academia de Letras.

 

  1. Tem ideia de quantos textos literários já escreveu? Há quanto tempo escreve ininterruptamente? 

 

Entre folhetos, poemas e material para as redes sociais, tenho em média 60 textos literários. 

Escrevo ininterruptamente há 10 anos, e mais intensamente nos últimos cinco.

 

  1. Você tem dificuldade de escrever em prosa, em verso? 

 

Embora não tenha dificuldades de escrever em prosa, trago os versos em 98% dos textos. 

São minha grande paixão.

 

  1. Você possui algum lugar onde publica textos virtualmente? Qual? 

 

Sim, alguns. Nas páginas no facebook:"Izabel Nascimento (cordelista)" e "Casa do Cordel - Espaço Cultural Pedro Amaro do Nascimento"; No meu perfil pessoal "Izabel Nascimento"; No blog: www.izabelnascimentocordelista.blogspot.com; No site: www.casadocordel.com.br

 

  1. Que temas prefere escrever? Prefere ficção ou o que vivencia e vê no dia a dia?

 

Uma das características da Literatura de Cordel é exatamente o relato cotidiano. Embora tenha alguns folhetos de ficção, gosto muito de incitar reflexões sobre as questões atuais da sociedade. 

 

  1. Aprecia outros tipos de arte usualmente? Frequenta museus, teatros, apresentações musicais, salões de pintura? Está envolvido/a com outro tipo de arte (é pintor, músico, escultor?) 

 

Estou muito envolvida com a Cultura, o que é um verdadeiro privilégio para mim. Costumo sim, visitar teatro, museus, apresentações musicais, cinema em Aracaju e sempre que viajo, tento encaixar programações culturais no roteiro. Ultimamente tenho reproduzido e criado pinturas em murais com traços de xilogravura. O desenho e a pintura são habilidades da infância que estavam adormecidas e que despertaram nos últimos anos, felizmente. 

 

  1. Que retorno você espera da literatura para si mesmo no Brasil? E a nível de mundo? 

 

Para mim, gostaria muito de poder me manter através da minha arte. Gostaria que o povo brasileiro enxergasse nitidamente a riqueza e a diversidade da nossa cultura, que percebesse o quanto somos ricos culturalmente e que compreendesse que não pode ser chamada de cultura a manifestação que distorce, agride, humilha ou ultraja o Brasil, seus cidadãos, sua literatura e manifestações. Para o mundo, gostaria que o mundo deixasse de ver o Brasil através da "imagem" da mulata que rebola, que apreciasse a nossa literatura e conhecesse nossas reais riquezas.

 

  1. Você acha que o brasileiro médio costuma ler? Acha que ele gosta de literatura tradicional ou só de notícias rápidas e sem profundidade? 

 

Acho que precisamos caminhar muito com políticas de incentivo à leitura no Brasil. A origem da literatura no mundo aponta que ler era elemento da nobreza. A meu ver algumas instituições ainda respiram isso. E o reproduzem mesmo sem perceber. A democratização real da leitura é uma mola que pode impulsionar as mais diversas transformações no mundo pois sabemos o quanto ler liberta. O que nos falta mesmo são oportunidades. Para os leitores, ter livros com preços mais acessíveis, bibliotecas mais iterativas e interessantes, por exemplo. Para os escritores, possibilidades de publicações. No universo da leitura tudo ainda é muito caro. Em algumas instituições, muito pomposo. Quem trabalha no processo de alfabetização com jovens e adultos sabe o quanto é latente o desejo de aprender, na mesma medida que é forte a chaga do preconceito contra quem não sabe. Este preconceito, a sociedade impõe e ela mesma cobra. Muitas dessas pessoas tem a leitura da vida muito mais aguçada de quem tem a leitura da palavra, parafraseando Paulo Freire. 

 

A meu ver o povo brasileiro não lê mais por falta de incentivo e oportunidade. Quem faz a leitura sem profundidade , o faz porque não consegue enxergar além disso ou nunca foi motivado a fazê-lo.

 

  1. Você costuma registrar seus textos na FBN antes de publicá-los? Sabe da importância disso? 

 

Sim, registo a maioria deles. Só não faço com todos porque já tenho despesas com a publicação dos meus folhetos, uma vez que eu mesma pago para fazê-los. Mas os principais, eu envio a FBN. 

 

Recentemente, passei por problemas com o famoso "Cordel do Whatsapp", que escrevi em janeiro de 2015. Ele continua circulando por todo o Brasil com "autor desconhecido". Mas está devidamente registrado agora. 

 

  1. Já tem livros-solo publicados? Consegue vendê-los com certa facilidade? 

 

Não tenho. 

 

  1. Já conhecia o poeta-escritor Oliveira Caruso (desculpe-me... Esta pergunta é padrão para quem participa de meus concursos literários)? 

 

Conheci o Paulo Caruso num grupo de escritores do Whatsapp. Sempre muito simpático e atencioso com todos os membros do grupo, não foi difícil consolidar uma amizade virtual com este grande escritor-poeta.

 

  1. Você trabalha com literatura inclusive para aumentar sua renda ou a leva como um delicioso hobby? 

 

Difícil na história do Cordel, alguém se manter de sua arte. Para mim, o Cordel é algo para além de um hobby, mas é uma missão.

 

topo